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sexta-feira, 01 março 2019 07:04

A Renamo vai bem e recomenda-se (uma proposta a favor da contra-estupidificação)

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A estupidificação do indivíduo, defino-a como sendo a acção de amedrontamento seja físico, psicológico, económico ou social, ou a mera privação de informação e educação adequada, com vista a torná-lo passivo, inerte, acomodado, conformado com a situação vigente, portador de uma visão limitada, impossibilitando-o de uma acção crítica, o que torna o detentor do poder (de uma instituição, empresa, partido ou governo) numa figura inquestionável.

 

Basicamente, é isto que aconteceu, em Moçambique. Sociólogos e antropólogos poderão fundamentar melhor que eu a forma como o sistema de educação foi manietado. Como o “Partidão” usou do seu poder (absoluto) para controlar os media (públicos e privados). Como acções de terror (espancamentos, homicídios, raptos, desaparecimentos) foram orquestrados como medidas de travagem de qualquer onda de revolta. Como pessoas e funcionários foram perseguidos, destituídos, privados de trabalhar, etc. como forma de mostrar pujança e “ordem” e mandar recados aos “próximos atrevidos”. Verdade é que, a situação social, política e económica, os casos escandalosos das dívidas, a arrogância das instituições de justiça, a passividade do “Patrão do Povo”, o caso Cabo Delgado, etc., eram já, por demais, suficientes para que o Povo se rebelasse. Num “País Normal” este governo já teria “caído” ou, as coisas já estariam nos carris, caso o executivo não reagisse satisfazendo as exigências dos donos de Moçambique: O Povo. Mas, no cômputo geral, esse povo, é dzanwanwa; é Estúpido e Medroso. Eu mesmo sou um fraco, medroso e estúpido. Daqueles que só se limita a escrever, mas… pegar numa bandeira branca e marchar pela liberdade, que é bom, não faço. 

 

Ufff… até parece que estava a debruçar-me sobre outro assunto que não fosse a situação actual da RENAMO. Só pareceu... É mesmo da RENAMO... Daquele Partido que foi vilipendiado pelas “massas esclarecidas” sitiadas nas zonas urbanas, aquando da sua chegada em 1994 para as primeiras eleições gerais. A RENAMO que, eu mesmo, odiei por ser “o espelho” do terrorismo que nem o colono Português ousou ser. A RENAMO que, gradualmente, foi ganhando espaço, simpatias, apoiantes, membros de peso, gente de “nome”. O tal que passou a ser a Voz do Povo, pois, afinal, os rasteiradores da democracia, do desenvolvimento do País, de uma sociedade igualitária, os saqueadores do bem comum para fins próprios, os assassinos e os parte-pernas não estavam longe não, estavam naquele prédio branco e alto. Foi por isso que a morte do Afonso Dhlakama significou um revés enorme, pois se fora um destemido. Morrera um NÃO ESTÚPIDO. Jazeu aquele que as mortes ao seu lado, as balas falhadas, as ameaças, as armadilhas frustradas, as privações sócio-económicas não o intimidaram… É esta RENAMO que se conhece hoje, mas parece que, com a morte do “Rirder” (kkkk), tudo se transformou… Não acredito nisso… Não se transformou não!

 

Uma onda popular, tem estado a tentar passar uma imagem de uma desconfiguração. Pegam no caso da “contenda” política na Beira como exemplo de que a RENAMO é o partido imediatamente “eleitorável” a seguir à FRELIMO, porém, pela sua aparente e recorrente inconsistência, poderá nunca atingir o controlo do País por via do voto. Tenho lido muito sobre isto. Bocas de analistas. Parangonas de jornais. Todos eles dizendo que a RENAMO, dá a si mesma “um tiro no próprio pé”. Que a RENAMO demora a se organizar. Que tarda a amadurecer e mostrar coesão, unidade e esclarecimento político-partidário de modo a tornar-se confiável como timoneiro do País.

 

A minha tese é que a RENAMO ESTÁ BEM. Estes “levantamentos” com cara de insubordinação. Estas poeiras políticas entre membros na Beira (aonde desajustam-se por não se acordar entre NOMEAÇÃO E ELEIÇÃO), não revelam desorganização, inexistência de ordem, nem significam enfraquecimento do timoneiro. Muiiiiiiiiiiito pelo contrário. Revelam naturalidade. Espontaneidade. Revelam a ausência de aura de medo entre pessoas, a tal que se impregnou em todo o país e, tornou este Povo em “mortos vivos”. Na RENAMO as pessoas discutem livre e abertamente. Se um membro não concorda com o outro, ou mesmo com a ordem do superior, ele indaga e, se não houver resposta cabal, se rebela. ISSO É DESORGANIZAÇÃO? Faxavore… 

 

Estamos num País aonde “és morto por ter e por não ter cão”. Estes mesmos analistas que hoje perguntam “como foi possível que ninguém dissesse algo ou travasse o Exalta-A-Dor da Pátria de fazer tamanhos desmandos, ao ponto de pôr o País neste descalabro político e económico”, são hoje, os mesmos que querem que na RENAMO figure a aura de YES MEN. Ossufo Momade pode escamotear os estatutos (só porque assim fazia Dhlakama) e os restantes devem “obedecer” de modo a mostrar para Moçambique que ELES SÃO ORGANIZADOS? Que eles são eleitoráveis? Que existe respeito pela hierarquia? F*dam-se! (Sorry, mas mete nojo e vómito essa mentalidade POBRE – in: SV). Quer dizer, temos um partido aonde, finalmente, existe diálogo. Aonde não há figuras incontestáveis e supra-poderosas. Aonde a democracia vive-se de facto e não há dois irmãos mandões. Aonde os filhos do chefe não entram e comem milhões de galinhas sob olhar sereno e impávidos dos outros. Aonde os que “deram o primeiro tiro” não são omnipotentes e, NÓS ODIÁMOS ISSO? Será que, nas vossas casas vocês por serem chefes de família podem mandar o filho tomar petróleo e ele deve obedecer? Se seu filho é alérgico a carne de quatro patas, você não faz um molho diferenciado para ele, pois isso iria mostrar fraqueza do seu lado? AFINAL, O QUE É QUE HÁ? O QUE É QUE HÁ NESTE PAÍS (in: João Plenário - SBT)?

 

Estamos, assim tão estupidificados que só queremos mudar de nome de partido no poder, mas não queremos mudar de ideologia, pensamento e filosofia? Bando de estúpidos é o que somos, pois estaríamos a “mudar para o mesmo”. Trocaríamos de gatunos por gatunos. Muito oportuno isto, nas vésperas das eleições, já começámos a levantar defeitos da RENAMO para, no fim, justificar que “voltámos a votar na FRELIMO porque é um mal menor”... somos medrosos… 

 

Meus caros, Democracia é chamar “Ossufo de violador de estatutos sim” e ele tem aceitar essas “bocas” naturalmente e, a seguir, tomar decisões concertantes, que resolvam o problema, mas não escamoteiem os mesmos estatutos. Líderes, num sistema democráticos, não são mandões, vociferadores e omnipotentes. Ossufo não pode querer (e as pessoas também) liderar o Partido ao jeito antigo. Dhlakama foi Dhlakama. Ossufo é Ossufo. Terá de encontrar o seu estilo e seu método e, esta transformação de um líder para o outro acontece, irremediavelmente, com essas “guerrinhas”. É normal. Isso chancela a verdadeira instituição democrática. E recuar numa decisão não é covardia ou fraqueza, É SABEDORIA… Os renamistas não devem ter medo ou vergonha disso. Devem orgulhar-se…

 

Repito para finalizar: A RENAMO ESTÁ BEM E RECOMENDA-SE… É esta a postura de um executivo que eu sonho que o meu País tenha. Abertura. Frontalidade. Destemidos. Debate aberto e franco. Aonde existem membros que assaltam a sede sim (na França os coletes amarelos fizeram pior e nem por isso o País entrou em crise, mas sim melhorou porque o líder agiu de forma concertada, mesmo que não gostasse da decisão que tomava - lá as manifestações não são um Tabu, na RENAMO também). É esta a proposta de Governo que a RENAMO está a trazer: uma Contra-Estupidificação! 

 

Acho que nós merecemos isso!

Sir Motors

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