A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), agremiação que representa as empresas privadas no país, diz que o ambiente macroeconómico registou uma ligeira melhoria ao longo do segundo trimestre de 2021, tendo aumentado em 4 pontos percentuais, de 46.0% para 50%. Entretanto, faz péssimas previsões para o terceiro trimestre por conta do aperto das medidas contra a pandemia da Covid-19.
Falando durante a segunda Edição do Economic Briefing, o Presidente da CTA, Agostinho Vuma, reportou que a actividade empresarial recuperou devido ao alívio das medidas de contenção da propagação da pandemia da Covid-19, a par do arranque da comercialização agrícola e o início da temporada de exportações das commodities agrícolas e produtos pesqueiros.
“Como corolário, o Índice de Robustez Empresarial melhorou de 28% para 29%, influenciado pela reanimação da actividade económica nos sectores da Agricultura, Hotelaria e Restauração, Comércio e Serviços e Transportes, que beneficiaram dos factores a que fizemos referência, incluindo o alívio das medidas de contenção da Covid-19 que observamos de Abril a Junho último”, sublinhou Vuma.
Avaliando o ambiente de negócios, o Presidente da CTA explicou que o segundo trimestre do ano foi marcado por algumas alterações regulatórias com impacto positivo na actividade empresarial, nomeadamente: alívio das medidas restritivas de combate à pandemia da Covid-19; revogação das taxas de assistência e fiscalização a bordo nos postos fronteiriços; e lançamento da Central de Registo de Garantias Mobiliárias.
Em contrapartida, Vuma apontou que a entrada em vigor do novo Regulamento das Custas da Jurisdição Administrativa, que institui o agravamento do valor das custas em cerca de 170% exacerbou os custos transaccionais às empresas que ainda se debatem com os efeitos nefastos da pandemia da Covid-19.
No capítulo das perspectivas, de forma geral, o líder do sector privado espera que o desempenho empresarial retroceda, devido à retoma das medidas restritivas, recentemente anunciadas pelo Governo, em face ao surgimento da nova vaga de propagação da pandemia viral, a variante Delta.
Segundo Vuma, estas medidas irão limitar, mais uma vez, o funcionamento da máquina empresarial, num momento de ausência de medidas de estímulos e apoio ao sector empresarial.
“O nosso grande receio é de que, na ausência de estímulos ao sector empresarial, estas medidas restritivas podem resultar numa situação pior à observada no primeiro semestre do ano, período em que se registou perda de cerca de 802 postos de trabalho em 90 empresas”, avançou o Presidente da CTA.
Entretanto, Vuma afirmou que os últimos desenvolvimentos da zona norte, partilhados recentemente pelo Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, abrem uma nova janela de esperança para o restabelecimento da segurança e estabilidade nas localidades afectadas pelo terrorismo na província de Cabo Delgado, o que possibilitará uma retoma dos projectos de Oil&Gas, com o positivo impacto que isso poderá ter na economia.
“Por outro lado, os progressos na campanha de vacinação, com o anúncio da aquisição pelo Estado moçambicano de cerca de 11 milhões de vacinas contra a Covid-19, ao que se associam os esforços empreendidos pelo sector privado poderão massificar o acesso à vacina e reduzir os impactos sanitários da Covid-19”, concluiu Vuma. (Evaristo Chilingue)