Duas semanas depois de o Governo anunciar a venda de 91% das acções do Estado na empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), a Empresa Moçambicana de Seguros (EMOSE), uma das três estatais indicadas para comprar a companhia, diz que ainda está a avaliar o negócio para depois decidir.
O expectável era que, depois da decisão do Governo, as empresas visadas já tivessem decidido, quanto cada uma vai investir na compra da LAM. Entretanto, a EMOSE ainda não decidiu nem sabe quanto vai ser a sua comparticipação, muito menos que ganhos terá do negócio, numa altura em que a companhia (depois de lançar concurso) já começou a seleccionar empresas para fornecer aeronaves.
“Nós vamos fazer a nossa avaliação. A EMOSE olha esta questão como uma oportunidade para investimento, então vai fazer uma avaliação para poder decidir”, disse, esta segunda-feira (17) em Maputo, o Presidente do Conselho de Administração (PCA) da EMOSE, Janfar Abdulai.
Falando à margem da 34ª reunião nacional de gestores e quadros da seguradora, Abdulai começou por explicar que a participação da EMOSE na estrutura accionista da LAM é uma decisão do Governo e a sua materialização está a ser levada a cabo pelo Instituto de Gestão de Participações do Estado (IGEPE).
“Nós como EMOSE somos chamados para junto ao IGEPE e outros potenciais sócios referidos materializar esta acção. Ainda não temos dados concretos que poderíamos partilhar, mas temos estado a discutir com o IGEPE para a materialização desta decisão” afirmou o PCA.
Para além da EMOSE, outras duas estatais foram indicadas para comprar a LAM, nomeadamente, a Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) e a Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM).
A venda da LAM para as referidas estatais por 130 milhões de USD é bastante criticada, alegadamente porque a medida vai transferir a crise da companhia aérea tecnicamente falida para as outras empresas públicas financeiramente estáveis. Para os analistas, a transferência dos problemas da LAM para as outras empresas pode afectar novos investimentos nos seus sectores de actuação, bem como reduzir a sua contribuição (em dividendos) para os cofres do Estado.
As críticas sobre o negócio estendem-se também ao concurso lançado pela LAM, há semanas, para a aquisição de aeronaves (em número não especificado), que estabeleceu uma semana para a apresentação de propostas para um concurso de tamanha envergadura. (Evaristo Chilingue)