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terça-feira, 28 janeiro 2025 06:57

Banco Central reduz reservas obrigatórias para disponibilizar mais dinheiro à economia

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O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu reduzir os coeficientes de Reservas Obrigatórias para os passivos em moeda nacional, de 39,0% para 29,0%, e em moeda estrangeira, de 39,50% para 29,50%, visando disponibilizar mais liquidez para apoiar a economia na reposição da capacidade produtiva e da oferta de bens e serviços.

 

A redução de 10% de reservas obrigatórias (em moeda nacional e estrangeira) permitirá que em cada 1000 Meticais ou USD depositados, os bancos passem a canalizar, ao Banco de Moçambique, 290 Meticais (ou 295 USD) e ficarão com 710 Meticais (ou 705 USD) para disponibilizar ao sector produtivo, largamente afectado pelas manifestações pós-eleitorais. Significa que, nos próximos dias, os bancos terão muito dinheiro para emprestar aos seus clientes para reerguer os seus negócios ou fazer novos investimentos.

 

Adicionalmente, o Banco de Moçambique decidiu reduzir a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 50 pontos base, de 12,75% para 12,25%. Num comunicado enviado à “Carta”, a instituição explicou que a decisão se deveu à manutenção das perspectivas da inflação em um dígito, no médio prazo, não obstante o aumento dos riscos e incertezas associados às projecções, com destaque para os decorrentes da tensão pós-eleitoral, o risco fiscal e os choques climáticos.

 

No documento, o Banco Central lembra que, em Dezembro de 2024, a inflação anual aumentou para 4,15%, depois de 2,84% em Novembro, a reflectir a redução da oferta de bens e serviços decorrente da tensão pós-eleitoral. A inflação subjacente, que exclui as frutas e vegetais e bens com preços administrados, também aumentou. No entender da instituição, a manutenção das perspectivas da inflação em um dígito, no médio prazo, reflecte, essencialmente, a estabilidade do Metical e o impacto das medidas tomadas pelo CPMO.

 

No último CPMO, o Banco de Moçambique constatou que a dívida pública interna continua a disparar. Excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, a dívida pública situa-se em 435,6 mil milhões de Meticais, o que representa um aumento de 20,1 mil milhões em relação a Dezembro de 2024.

 

Após a primeira reunião bimensal do ano, o CPMO assegura que as reservas internacionais brutas se situam em níveis suficientes para cobrir cerca de cinco meses de importações de bens e serviços, excluindo os grandes projectos.

 

“A taxa de juro de referência para o crédito, Prime Rate, continua a reduzir, em linha com as decisões de política monetária. O mesmo comportamento observa-se nas taxas de juro que os bancos praticam com os seus clientes. Por seu turno, o crédito à economia aumentou 7,30% de Janeiro a Novembro de 2024”, lê-se no comunicado.

 

Todavia, no documento, o Banco Central alerta que os riscos e incertezas associados às projecções da inflação aumentaram, para o médio prazo, devido principalmente aos impactos da tensão pós-eleitoral, dos choques climáticos e do agravamento da pressão sobre a despesa pública, num contexto de reduzida capacidade de financiamento.

 

“O CPMO continuará com o processo de normalização da taxa MIMO no médio prazo. O ritmo e a magnitude continuarão a depender das perspectivas da inflação, bem como da avaliação dos riscos e incertezas subjacentes às projecções do médio prazo. A próxima reunião ordinária do CPMO está marcada para o dia 26 de Março de 2025”, conclui o documento, assinado pelo Governador do Banco Central, Rogério Zandamela. (Carta)

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