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segunda-feira, 04 novembro 2019 02:06

"Guerra em Cabo Delgado": contornos das operações das FDS e da barbárie dos insurgentes em Muidumbe, Macomia e Mocímboa da Praia que culminou com mais de 30 mortes e detenções

Na passada sexta-feira (01 de Novembro), o Ministério da Defesa Nacional (MDN) emitiu mais um comunicado dando conta que neutralizou vários insurgentes, tendo outros se colocado em fuga. No comunicado de imprensa a que "Carta" teve acesso, a instituição dirigida por Atanásio M’tumuke diz ter aplicado golpes de artilharia contra o grupo armado desde a passada quinta-feira (31 de Outubro) e na sexta-feira no distrito de Muidumbe, na região de Gaza e na zona de Marere, na foz do rio Messalo, distrito de Mocímboa da Praia, em Cabo Delgado.

 

No comunicado em nossa posse, o MDN diz: "as operações prosseguem e as Forças de Defesa e Segurança (FDS) continuam em perseguição aos insurgentes que se encontram fugitivos". Entretanto, "Carta" apurou, de fontes fidedignas a nível das FDS, que no passado sábado foram capturados quatro integrantes do grupo de insurgentes no Posto Administrativo de Quiterajo, no Distrito de Macomia, que desde Outubro de 2017 vêm protagonizando ataques aos distritos ao norte e ao centro da província de Cabo Delgado.

 

 

Segundo fontes das FDS, não autorizadas a falar, a captura dos insurgentes aconteceu numa região próxima de Namaneco, onde os insurgentes atacaram, por duas vezes, duas viaturas, causando mortes e feridos. Conforme apurámos, a captura dos insurgentes aconteceu pouco depois de ter passado no local a viatura de um cidadão de nome Nitenda Assane, saindo de Macomia-Sede a Quiterajo, uma rota posteriormente retomada pelas autoridades que, informadas, foram atrás dos insurgentes, tendo detido quatro e morto um.

 

Refira-se que a região onde foram detidos os quatro integrantes do grupo de insurgentes está próxima à zona onde há uma posição das FDS, sendo que, na altura da detenção, os mesmos estavam a interromper a estrada.

 

Os detidos foram levados para a base de Quiterajo. Na altura das perseguições, segundo contaram algumas fontes militares, os insurgentes estavam em número de 13, tendo cinco sido abatidos, quatro capturados e os restantes fugiram.

 

Um outro facto ocorreu no sábado (02 de Outubro), quando eram 17:00 horas, na Vila de Mocímboa da Praia, concretamente na aldeia Miyoe, quando uma viatura de marca Land Cruiser, que circulava naquela região foi atacada pelos insurgentes, tendo sido esquartejadas dez pessoas que ocupavam a mesma e, em seguida, a viatura foi incendiada. Na ocasião, duas mulheres escaparam à morte.

 

No mesmo dia, ao longo da estrada principal que liga a República da Tanzânia e de Moçambique, concretamente, a 11Km de Mocímboa da Praia, houve mais um ataque a uma viatura, a qual foi incendiada e os ocupantes encontram-se em parte incerta até ao momento. 

 

Devido à situação, vários transportadores cancelaram a circulação naquelas estradas e uma comitiva governamental foi criada para socorrer as vítimas do atentado.

 

Segundo apurámos de fontes internas, devido à situação, várias unidades das FDS foram destacadas para perseguição dos insurgentes, tendo na ocasião havido troca de tiros na aldeia Ntotwe entre as partes. 

 

Fontes no terreno contaram ainda à “Carta” que os confrontos continuaram durante o dia de ontem, na zona de Miangalewa, em Muidumbe e Mbau, em Mocímboa da Praia, um retrato que demonstra uma situação de guerra total contra os insurgentes. Refira-se que há meses, o presidente da República, Filipe Nyusi, disse que estaríamos numa situação de "invasão camuflada", porque, conforme apurou a "Carta", são vários cidadãos de nacionalidade estrangeira no campo das operações por parte dos insurgentes.

 

Os ataques ganharam outras dimensões em Cabo Delgado e vêm decorrendo dia pós dia nos distritos de Muidumbe, Mocímboa da Praia e Macomia. No passado dia 31 de Outubro, uma viatura foi atacada no troço Chinda a Mbau, tendo sido mortas 13 pessoas. O único sobrevivente dos ataques, que mais tarde interagiu com a "Carta", disse que percorreu a mata daquela região até à aldeia Awasse, no trajecto estimado em 40km. Os corpos das vítimas do ataque foram recuperados e enterrados pelos habitantes da região de Mbau. (Carta)

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