Desde 5 de Outubro de 2017 já houve 45 ataques, 13 mil deslocados, 214 arguidos e mais de 750 casas incendiadas e saqueadas. Atenção: estas são estimativas com base nos relatos da comunicação social. Nem todos os ataques são relatados. Alguns acontecem em zonas muito remotas.
Os distritos afectados são os de Mocímboa da Praia, Palma, Macomia, Quissanga, Ilha do Ibo, Balama e Nangade. Há também relatos de alastramento para a província do Niassa. Os primeiros ataques ocorreram entre os dias 5 e 7 de Outubro de 2017 na Vila da Mocímboa da Praia, com 14 mortos, dentre eles 2 agentes da polícia, 11 insurgentes e 1 civil. As autoridades do Governo reconheceram o ataque mas tinham outra contabilidade: 5 pessoas, tratando-se de 2 polícias, 2 insurgentes e 1. O assalto foi efectuado por 30 homens a 3 postos policiais da Vila.
A 23 de Outubro de 2017 ocorreu outro ataque, desta feita no Posto Administrativo de Olumbi, no distrito de Palma, com 2 mortos, 4 feridos e dezenas de casas queimadas. No mesmo local, a 1 de Janeiro de 2018 aconteceu um segundo ataque dos insurgentes, tendo culminado em 5 mortos, dezenas de feridos e mais de 70 casas queimadas. Entre os dias 29 e 30 de Novembro de 2017, os ataques chegavam às aldeias de Mitumbote e Maculo, no distrito de Mocímboa da Praia, onde mais de 6736 pessoas refugiaram-se nas matas, com medo das incursões violentas do grupo armado. Durante o ataque, 4 pessoas perderam a vida e 27 casas foram incendiadas, incluindo a sede de uma congregação religiosa.
A 13 de Janeiro de 2018, no distrito de Palma, no posto administrativo de Olumbi, perdiam a vida 5 pessoas vítimas na sequência de mais um ataque. O lugar ficou deserto. Os populares fugiram. No mesmo posto, na aldeia Monjane, nos dias 26 a 27 de Maio, 10 pessoas eram decapitadas, com duas crianças entre as vítimas. A 9 de Julho, o posto administrativo de Macanga sofria um ataque dos insurgentes, tendo perdido a vida 4 pessoas e sido feridas dezenas. Entre 2 a 7 de Junho, a insurgência chegava a Quissanga. Uma série de ataques resultaram em mais de 30 mortos e 144 casas queimadas. Cerca de 3500 pessoas abandonaram as aldeias. O Posto Administrativo de Namaluco foi o mais afectado ocorreram, 100 casas incendiadas, 12 pessoas mortas e 20 feridas. Entre os dias 23 de Agosto e 21 de Setembro de 2018, Macomia, outro distrito de Cabo Delgado, era também palco de vários atentados, nomeadamente nas localidades de Pequenê, Quitarejo, Ilala, Mucojo e Namaneco. A população era o alvo recorrente. Foram registados 28 mortos,18 feridos e mais de 52 casas queimadas.
A sanha assassina continuou em Macomia, Nangade e Balama. A 3 de Novembro foi registado um ataque mas as autoridades não revelaram as perdas. Mais recentemente a 22 de Novembro, em Nangade, concretamente nas aldeias de Chikaua Velha, Lukwamba e Litingina, registou-se outro um ataque com 12 mortos e várias casas queimadas. Nos dias 24 de Novembro, um guarda do palácio da governadora do Niassa, Francisca Tomás, foi morto por desconhecidos no distrito de Balama, acreditando-se que tenha sido seja uma ação do grupo. Este ataque aconteceu numa zona limítrofe com a província de Niassa, indício de que o grupo esteja a movimentar-se para aquela província. Nos dias 1 e 2 de Dezembro, no Distrito de Palma, uma mulher foi sequestrada e seus dois filhos foram afogados em água quente pelos insurgentes. No mesmo distrito, 7 rapazes que estavam em ritos de iniciação na floresta foram atacados e decapitados.
Esta semana também houve ataques, como “Carta” reportou ontem. (Omardine Omar)