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BCI
segunda-feira, 13 junho 2022 07:43

Indignação

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O que se passou hoje no Aeroporto Internacional de Lisboa foi uma enorme afronta contra a dignidade humana. Filas quilométricas de passageiros foram tratados como se fossem gado, obrigados as esperas que iam de quatro a cinco horas, de pé, sem a mais pequena das explicações, sem o apoio de uma cadeira, de água ou de qualquer conforto, fosse esse conforto a simples presença de alguém que atendesse os casos de pessoas com necessidades especiais. A humilhação foi distribuída por igual entre os que não tinham um passaporte da União Europeia. Jovens, mães com crianças, idosos e pessoas com deficiência foram obrigados a sentar-se no chão e ali esperarem até que a exaustão se converteu num imenso clamor de protesto e revolta. Vergonha, isto é uma vergonha, gritavam as pessoas.
 
Enfim, o que se passou hoje no aeroporto de Lisboa é um atentado contra a tradição portuguesa de bem receber os outros. É a pior das recepções que um estrangeiro pode ter à chegada a um país que escolheu e pagou para  visitar. Senti isso na pele, juntamente com centenas de pessoas já exaustas depois de longos voos e que, em vez de abraços de boas-vindas, enfrentaram a humilhação de um dia que não esquecerão nunca.
 
Portugal perde, com estes casos, uma boa ocasião para não ser mais um desses países que recebe com duas portas: uma para os europeus e outra para os que parecem ser menos cidadãos neste mundo que se diz global.

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