Nem um ano completou desde que foi empossado Presidente da Comunidade Maometana de Maputo – depois de vencer eleições por sufrágio universal – o conhecido advogado mocambicano Salim Omar está a ser tacitamente empurrado para fora.
No pomo da questão está uma mudança estatutária que a atual direcção pretende introduzir. A Cláusula prevê impedir qualquer Presidente anterior, incluindo o actual, de concorrer para cargos de direcção. A outra novidade é a limitação dos mandatos do Presidente para um único mandato.
No fundo, trata-se de uma forma de blindar a agremiação contra quem lhe provocou estragos patrimoniais e de reputação. E o grande visado é o anterior presidente, Saleem Karim, que, durante o seu consulado, permaneceu sete anos sem apresentar contas.
No ano passado, ele foi denunciado por membros da comunidade que acusaram de usar uma conta da associação (as conta do Zakaat) para a prática de “usura”, severamente condenada pelo Islão. A conta do Zakaat reúne contribuições dos membros, destinadas à caridade.
Nos círculos policiais, ele é considerado como tendo ligações com a agiotagem, o rapto de pessoas e tráfico de substâncias proibidas.
É também tendo em conta este tipo de postura que a actual direcção propõe a cláusula. Mas a proposta está sendo combatida, com ameaças de boicote da Assembleia Geral marcada para o próximo dia 20 de Março.
Quem ameaça são antigos apoiantes de Saleem Karim, que perderam influência no seio da comunidade e querem que ele regresse, um dia, a comandar as suas rédeas.
Em Junho do ano passado, Saleem Karim viu-se obrigado a colocar o lugar de presidente da Comunidade Mahometana à disposição devido à pressão dos membros.
Ele colocou lugar à disposição após dirigir a organização ao longo de 12 anos, 7 dos quais sem prestar contas e 2 fora do mandato, saindo pela porta dos fundos e abrindo espaço para a vitória da lista opositora, liderada pelo advogado Salim Omar, que acabou vencendo o pleito. (Carta)