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17 de Fevereiro, 2025

Saco de cimento abaixo dos 300 Meticais é insustentável – Cimentos Dugongo

 

A fábrica Dugongo Cimentos, localizada em Matutuine, província de Maputo, informou hoje que uma redução arbitrária do preço do cimento poderá afectar a produção normal e o abastecimento do mercado. Para os gestores daquela unidade fabril, a produção do cimento é um processo industrial complexo com componentes de custo, como calcário, gasóleo, carvão, equipamentos e matérias-primas importadas. “Estes são alguns dos factores que estão na origem da actual estrutura do preço do cimento em Moçambique” explica a Dugongo Cimentos.

 

Desde o início do ano, os manifestantes, em vários pontos do país, sob liderança do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, exigem que o saco do cimento seja vendido abaixo dos 300 meticais, uma exigência que tem vindo a perturbar a comercialização do produto.

 

Numa declaração, a Dugongo Cimentos explica que desde que a unidade fabril entrou em funcionamento ainda não recuperou a metade do seu custo de investimento, reforçando que o estabelecimento do preço do cimento é influenciado por múltiplos factores, que não podem ser explicados e decididos por um único dado ou número.

 

Para ilustrar, a Dugongo Cimentos diz que o preço do carvão aumentou de 3.840 meticais/tonelada em 2021 para os actuais 6.450 meticais/tonelada, e o preço do gasóleo aumentou de 47 meticais/litro em 2021 para os actuais 91 meticais/litro.

 

Reagindo às vozes que questionam o facto de o preço do cimento Dugongo na África do Sul ser inferior ao praticado no mercado interno, a fábrica assume: “na realidade, o preço de exportação para a África do Sul está abaixo do custo de produção, não com o objectivo de obter lucro, mas para obter moeda estrangeira necessária para pagar o combustível e matéria-prima importada para a produção”.

 

Detalha ainda que, actualmente, os recursos como carvão em Moçambique estão concentrados principalmente na província de Tete e, devido à infra-estrutura insuficiente e à longa distância, o custo de transporte para Maputo é superior ao da importação da África do Sul. “Portanto, precisamos recorrer a uma exportação limitada (apenas 5% da produção total) para obter moeda estrangeira e manter a produção”.

 

De acordo com a nota enviada à nossa redacção, no mercado sul-africano, o preço do cimento Dugongo fabricado em Moçambique não é inferior ao dos fabricantes locais, seguindo rigorosamente as leis do mercado daquele país para não perturbar a concorrência.

 

O preço do cimento no sul de Moçambique geralmente gira em torno de 420 meticais, enquanto em algumas regiões do norte pode chegar a 620 meticais.

 

Segundo a Dugongo Cimentos, a principal razão para essa diferença é o custo de transporte: o mercado do norte está mais distante, os custos logísticos são mais altos e, consequentemente, o preço do cimento também é maior. Isso demonstra que o preço do cimento não é determinado unilateralmente pelas empresas, mas pelas condições do mercado e da logística.

 

Outro elemento que justifica o actual preço do cimento tem a ver com a escassez de divisas no mercado. No início da produção do cimento, refere a Dugongo, a taxa de câmbio do metical em relação ao dólar era de 57:1, mas actualmente desvalorizou para 64,5:1, aumentando a escassez da moeda estrangeira.

 

Actualmente, a Dugongo Cimentos emprega directamente mais de 800 funcionários e, nas áreas de cadeia de suprimentos e logística, gera indirectamente dezenas de milhares de empregos. (Carta)

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