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19 de Abril, 2023

Banco Central falha alcance da meta de inclusão financeira em 2022

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O índice de inclusão financeira (IIF), calculado pelo Banco de Moçambique (BM), no âmbito da Estratégia Nacional de Inclusão Financeira (ENIF- 2016 a 2022), registou uma ligeira diminuição em 2022, em relação ao ano de 2021, tendo-se situado em 12,14 pontos, contra 12,76 pontos de 2021, o que representa uma redução em 0,62 pp.

A instituição explica no Relatório da ENIF 2016 a 2022 que a referida diminuição resulta, fundamentalmente, da redução de alguns pontos de acesso do sector da banca tradicional (agências bancárias, agentes bancários, ATM e POS).

Por exemplo, no concernente à bancarização, medida pelo número de contas bancárias por 1000 adultos, o Banco Central contabilizou em 2022 uma média de 306 contas bancárias por cada 1000 adultos, contra 315 em 2021, o que corresponde a uma redução em 2,8%.

Dados constantes no relatório publicado há dias pelo Banco Central revelam ainda que o acesso aos serviços financeiros prestados por uma instituição bancária situou-se em cerca de 31,0%, contra 31,3% registado em 2021 (29 pp abaixo da meta de 60% estabelecida na ENIF 2016-2022).

“Em 2022, o nível de intermediação financeira, medido em termos do crédito à economia em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB), fixou-se em 26,5%, tendo observado uma redução de 3,5 pp face a 2021. Por cada 1000 adultos foram concedidos cerca de 16,6 milhões de meticais (MT), contra 14,3 milhões de MT em 2021. O crédito bancário em proporção do PIB situou-se em 26,9%, contra 23,4% de 2021 (26,1 pp abaixo da meta de 53% estabelecida na ENIF 2016-2022)”, lê-se no Relatório.

O documento relata ainda que o nível de poupança financeira, medida pelos depósitos totais em percentagem do PIB em 2022, não variou face a 2021 (tendo-se situado em 51%). Já o depósito em bancos em proporção do PIB situou-se em 50,9% em relação à meta de 72,0% prevista pela ENIF 2016-2022 para o ano de 2022, contra 51,2% registados em 2021, o que corresponde a uma redução de 0,3 pp.

O desempenho negativo do sector de seguros também contribuiu para o não alcance do IIF calculado para 2022. Em termos nominais, até fim de 2022, o mercado segurador registou uma contracção em 6,3% em relação a igual período de 2021, que se situou em 6,6%. A taxa de penetração de seguros na economia situou-se em 1,85%, contra 2,03% em 2021.

“No quadro das iniciativas do Governo, orientadas para a inclusão financeira da população rural, há a destacar em 2022 a inauguração de uma agência bancária no distrito de Marínguè, província de Sofala, à luz do projecto “Um Distrito, Um Banco”, perfazendo um total de 45 distritos bancarizados dos 69 planificados no âmbito da iniciativa, e o registo de 5368 grupos de poupança e crédito rotativo (GPCR), envolvendo 175 967 membros, que movimentaram um valor acumulado de 666 272 696,00 MT”, lê-se no Relatório da ENIF 2016-2022.

Todavia, nem tudo correu mal nas acções levadas a cabo pelo Banco de Moçambique para maior inclusão financeira. Do relatório da ENIF consta por exemplo que, em 2022, o país passou a contar com 68,5% da sua população adulta com uma conta de moeda electrónica aberta junto das Instituições de Moeda Electrónica (IME), contra 67,2% em 2021 (8,5 pp acima da meta de 60% estabelecida na ENIF 2016-2022).

A capitalização bolsista evoluiu de 126 mil milhões de Meticais em 2021 para 138.5 mil milhões de Meticais em 2022, equivalente a um crescimento em 10%. A capitalização bolsista em proporção do PIB situou-se em 24,1%, em relação à meta de 9,2% prevista pela ENIF 2016-2022 para o ano 2022, contra 18,9% de 2021. Quanto ao grau de cumprimento do plano de acções da ENIF, até 2022, o Banco de Moçambique relata que do total de 54 acções inscritas entre 2016-2022, 20 (37%) foram realizadas, 19 (35%) encontram-se em curso, 3 (6%) ainda não foram iniciadas e 12 (22%) são de carácter permanente. (Evaristo Chilingue)

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