Os administradores da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) receberam salários chorudos de acordo com o último Relatório e Contas da empresa pública, referente ao ano económico de 2023. O documento comprova o que se tem dito sobre os altos salários auferidos pelos gestores e funcionários da empresa, num país onde grande parte recebe igual ou abaixo de 8.758 Meticais, que é o salário mínimo na Função Pública.
Naquele ano, o referido documento mostra que a ENH gastou 1.046 mil milhões de Meticais em “custos com o pessoal”, contra 1.009 mil milhões de Meticais em 2022. Desse valor, 714.3 milhões de Meticais (contra 655.8 milhões do ano transacto) serviram para pagar salários a 212 trabalhadores da empresa (mais 15 em relação a 2022), uma média de 3.3 milhões de Meticais para cada trabalhador, por ano e 280.8 mil Meticais por mês, num país onde o salário mínimo na Função Pública é de cerca de 9 mil Meticais.
Do valor total de custos com o pessoal, 162.6 milhões de Meticais (contra 174.4 milhões de 2022) serviram para pagar cinco administradores, incluindo o Presidente do Conselho de Administração (PCA). Numa matemática simples, pode-se depreender que cada administrador embolsou 32.5 milhões de Meticais por ano e 2.7 milhões de Meticais por mês.
Contudo, no ano económico anterior (2022), a remuneração foi maior ainda, pois, dividindo 174.4 milhões por cinco administradores, conclui-se que cada um recebeu 34.8 milhões de Meticais por ano e 2.9 milhões de Meticais por mês. As contas da ENH mostram ainda que os trabalhadores da empresa têm “benefícios de aquisição de viaturas”. Nesta rubrica, a ENH gastou 63.9 milhões de Meticais em 2023, contra 66.2 milhões de Meticais em 2022.
Com os “encargos com a remuneração”, a ENH despendeu 30.7 milhões de Meticais em 2023 contra 28.9 milhões de Meticais registados no ano transacto. Com a “assistência médica e funerária”, a empresa gastou 28.5 milhões de Meticais e 23.3 milhões gastos em 2022.
As “ajudas de custos” custaram à ENH 23.8 milhões de Meticais em 2023, contra 18.3 milhões de Meticais do ano anterior. Com as “formações”, a empresa gastou naquele ano 10.9 milhões de Meticais contra 9.2 milhões de Meticais em 2022.
Refira-se que depois de pagar todos esses custos, bem como despesas de impostos, encargos com os fornecedores de bens e serviços, entre outros, em 2023, a ENH ficou com lucro líquido de 3.5 mil milhões de Meticais, um crescimento na ordem de 675% em relação ao período homólogo, em que registou 461.9 milhões de Meticais de lucro.
O então PCA, Estêvão Pale, agora Ministro, explica no Relatório e Contas que o incremento dos lucros se deveu ao aumento considerável das receitas de vendas de gás natural, fruto do esforço empreendido pela equipa de gestão da ENH, para o aumento significativo das vendas de gás natural ocioso no mercado nacional, aliado à subida de preços de petróleo no mercado internacional.