Tudo indica haver dificuldades para o Presidente da República e Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS) escolher o novo chefe dos serviços secretos, sete meses após a morte de Bernardo Lidimba, anterior Director-Geral do SISE (Serviço de Informações e Segurança de Estado), que perdeu a vida num acidente de viação, ocorrido no distrito de Mapai, província de Gaza.
Passados quase cinco meses após a sua tomada de posse como o quinto Chefe de Estado, Daniel Chapo revela ainda não ter encontrado solução para a vacatura deixada por Lidimba na liderança do SISE. Até ao momento, conseguiu escolher os chefes da Polícia (Joaquim Sive, nomeado nove dias após a tomada de posse) e das Forças Armadas (Júlio Dos Santos Jane, nomeado a 10 de Abril).
Lidimba perdeu a vida no dia 02 de Novembro em circunstâncias até aqui não esclarecidas pelo Governo. O ex-chefe dos serviços secretos moçambicanos estava na companhia de mais três pessoas (motorista, ajudante de campo e assessor), que saíram do acidente sem qualquer risco de vida.
Na véspera, por causa da instabilidade política a escalar para o caos que o país vive, Lidimba participou de uma reunião do Comando Conjunto das Forças de Defesa e Segurança, um órgão colectivo de coordenação operativa institucional cuja missão é “analisar, avaliar e delinear estratégias com vista a fazer face a diversas situações emergentes na garantia da segurança nacional”. Após essa reunião em Maputo, Lidimba partiu para uma “missão”, no norte de Gaza, junto da fronteira com o Zimbabwe.
Neste momento, o SISE é liderado por Joia Haquirene, Director-Geral Adjunto, que ficou popular em Junho de 2022, após testemunhar, como primeiro declarante, no julgamento das “dívidas ocultas”, que decorreu entre Novembro de 2021 e Fevereiro de 2022, na Cadeia de Máxima Segurança, vulgo BO, na província de Maputo.
Haquirene foi o fundador da GIPS, a principal empresa (veículo operativo) do SISE e um dos accionistas das três empresas caloteiras (MAM, EMATUM e PROINDICUS), tendo ocupado o cargo de Administrador até ao ano de 2012. Detinha, na empresa, uma quota de 30%, mas ao Tribunal disse que a participação pertencia ao SISE, pelo que, não ganhou sequer um centavo pelas acções.
Ao Tribunal, Haquirene disse ainda que não tinha funções específicas na empresa, porém, assinou três lotes de cheques para o pagamento de diversos serviços, na ausência de um dos colegas, tendo feito cópias do segundo e terceiro lote para questões de garantia. Um dos cheques era de 10 milhões de Meticais e foi autorizado por Gregório Leão, então Director da secreta.
Bernardo Lidimba tomou posse em Junho de 2022, tendo sido o terceiro Director-Geral do SISE na administração Nyusi. Foi nomeado em Maio de 2022, em substituição de Júlio Dos Santos Jane, que tinha sido nomeado em 2017, em substituição de Lagos Lidimo. (Carta)