O ministro da Saúde, Ussene Isse, defende a formação de médicos com especialização em saúde comunitária e familiar como a melhor estratégia para melhorar o atendimento e a qualidade de vida da população moçambicana, sobretudo nas zonas rurais.
O ministro defendeu a ideia nesta segunda-feira (09), em Maputo, durante as cerimónias centrais de lançamento da Semana da Saúde e Bem-Estar, no âmbito das celebrações dos 50 anos da Independência Nacional no sector da saúde.
O evento tinha como objectivo promover uma reflexão sobre os avanços e os desafios que Moçambique enfrenta desde a proclamação da independência.
Segundo o ministro, a aposta no subsistema comunitário é fundamental para reforçar a rede de cuidados primários, com ênfase na prevenção e na promoção da saúde, especialmente em comunidades vulneráveis.
“A experiência de outros países mostra que os médicos que actuam directamente nas comunidades desempenham um papel crucial. A prevenção e a promoção são fundamentais, sobretudo em países com recursos limitados como o nosso”, afirmou.
O governante sublinhou ainda a importância de investir em recursos humanos para actuar desde o nascimento, passando pela vacinação, saneamento básico e outros cuidados essenciais, de modo a evitar a transição epidemiológica e diagnosticar precocemente doenças como diabetes, hipertensão e cancro.
“Se fizermos um grande investimento nos cuidados de saúde primários, poderemos detectar mais cedo essas doenças e tratá-las com mais eficácia”, defendeu.
Isse reiterou que o Ministério da Saúde está comprometido em continuar a fortalecer os cuidados de saúde primários e a expandir o subsistema comunitário, um dos três pilares do sistema de saúde moçambicano, a par do sector público e do privado.
“O grande problema de saúde está nas comunidades. Por exemplo, a malária persiste devido ao fraco saneamento. Se endossarmos a promoção da saúde às comunidades, poderemos melhorar significativamente os indicadores de saúde”, acrescentou.
O ministro apelou ainda à colaboração inter-sectorial para garantir melhorias sustentáveis na saúde das populações.
“Cada sector deve dar a sua contribuição. A saúde depende de informação, educação e comunicação. Precisamos de uma campanha nacional de educação sobre alimentos seguros”, sugeriu.
Sem apresentar dados numéricos, o ministro indicou que, nos últimos 50 anos, Moçambique registou uma redução significativa da mortalidade neonatal, materna e infantil, e um aumento da esperança média de vida.
Apesar dos progressos, alertou que a má nutrição continua a ser um dos principais desafios do país, inclusive em regiões com alta produtividade agrícola.
“O problema não é a falta de alimentos, mas sim a forma como são utilizados. É necessário mudar comportamentos alimentares para combater a desnutrição”, alertou.
O dirigente garantiu que estão a ser implementadas diversas acções para responder aos desafios do sector, com foco especial na nutrição infantil e no bem-estar das famílias.
“Há desafios, mas temos de saber onde encurtar para trazer aquilo que o povo quer, que é o bem-estar. Cuidar das crianças, das mulheres, da saúde dos homens”, afirmou.
Por sua vez, a directora dos Serviços de Saúde da Cidade de Maputo, Paloma Maripia, reiterou o compromisso das autoridades locais em promover a consciencialização sobre os cuidados de saúde e incentivar hábitos de vida saudáveis entre a população.
“Como sector de saúde, continuaremos a aumentar a consciencialização sobre os cuidados de saúde e incentivar a adopção de hábitos de vida saudáveis entre a população”, disse.