Quase dois meses depois de terem surpreendido o país e o mundo com o encontro secreto, no mítico Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano, Daniel Francisco Chapo e Venâncio António Bila Mondlane, Presidente da República e auto-intitulado Presidente Eleito Pelo Povo, respectivamente, voltaram a apertar as mãos, desta vez, na Presidência da República de Moçambique.
O encontro teve lugar na noite desta terça-feira e contou, para além dos “fiéis assessores” de Venâncio Mondlane e quadros da Presidência, com a presença de Carlos Martins, Bastonário da Ordem dos Advogados e facilitador do diálogo, e de membros seniores da Frelimo, com destaque para Teodato Hunguana e Óscar Monteiro.
Num áudio de dois minutos (em que a intervenção do ex-candidato presidencial dura menos de 40 segundos), divulgado pelo Gabinete de Imprensa da Presidência da República, Venâncio Mondlane considerou o encontro como “positivo”, na medida em que “as duas grandes preocupações que tínhamos” acredita que vão ser monitoradas em benefício da população.
“Tivemos seis pontos de agenda e, nestes pontos de agenda, tivemos um entendimento, incluindo datas, prazos e pontos focais” sobre a sua operacionalização, disse Mondlane, sublinhando que “o que é mais importante, daqui para frente, é monitorar isto, que é para o benefício da nossa população”.
“No meu caso, em particular, estava muito preocupado com a questão das pessoas que estão detidas. Era preciso termos uma visão clara, com prazos, de como é que vamos tratar este assunto”, detalhou o ex-candidato presidencial, citado numa nota informativa divulgada pelo Gabinete de Imprensa da Presidência da República, que revela ainda a preocupação do ex-deputado com a escalada de violência registada após o aperto de mão de 23 de Março.
“Trouxemos também esse relatório exactamente para se esclarecer se aqueles casos que ocorreram, de vários tipos de violência, é uma coisa premeditada, como é que podemos ultrapassar isso”, questionou Mondlane.
Já na sua página oficial do Facebook, Venâncio Mondlane revelou que o encontro trouxe os seguintes consensos: a eliminação de todos os focos de violência entre as partes, replicando-se os consensos a nível provincial e distrital; viabilização da Lei de Amnistia para todos os que se encontram detidos no âmbito das manifestações; garantir-se a assistência médica gratuita, no Sistema Nacional de Saúde, para todos os que tenham sofrido enfermidades ou traumas resultantes das manifestações; e implementar programas de apoio a iniciativas juvenis nos bairros.
Por sua vez, Daniel Chapo disse que o encontro visava consolidar a paz, harmonia, segurança e bem-estar entre os moçambicanos e que se enquadrou no âmbito do Compromisso Político para um Diálogo Nacional Inclusivo, que prevê o alargamento do debate para todos extratos sociais, pois, “só há desenvolvimento quando há paz e segurança” e “só podemos alcançar a paz dialogando com todos extractos sociais”.
“O Diálogo Nacional Inclusivo, como o próprio nome diz, inclui todos moçambicanos e, sendo [Venâncio Mondlane] um moçambicano, achamos que era importante termos o encontro, dialogarmos e, em função disso, podermos continuar a trabalhar para pacificarmos o país”, enfatizou, sem abordar o conteúdo da conversa.