Lion Aviation, baseada nos Países Baixos, alega que o processo de compra de aviões da LAM está ferido de “sabotagem interna”, acusando a companha aérea de bandeira moçambicana de falta de “boa-fé”.
“A Lion Aviation está cada vez mais preocupada com a falta de boa-fé da LAM, com provas de sabotagem interna e documentação falsificada, sugerindo que pode nunca ter havido um compromisso genuíno para concluir a aquisição com sucesso”, refere-se numa nota a que “Carta” teve acesso e assinada pelo CEO da empresa, Haile Ghebrecristos.
A Lion Aviation acusa ainda a LAM de mau planeamento na operação à volta da aquisição dos referidos aparelhos e de ter feito viajar para a Europa uma delegação de 12 pessoas para a inspecção de aviões que colocou à mostra, para a compra.
“Devido ao mau planeamento da LAM e aos horários irrealistas, uma grande delegação [mais de 12 pessoas] viajou prematuramente para a Europa, para inspecções de aeronaves, apesar do forte conselho da Lion para não o fazer naquele momento”, pode ler-se na nota a que “Carta” teve acesso.
Como resultado, a delegação não encontrou nenhuma aeronave disponível para visualização naquele momento, prematuro, avança a empresa norte-americana
A Lion Aviation diz ainda que adquiriu a maioria das aeronaves destinadas à LAM e recorreu aos seus próprios fundos de boa-fé.
Por outro lado, avança, a carta de crédito irrevogável da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), que acaba de entrar na estrutura accionista da LAM, continua activa, havendo a “preocupação” de que esta empresa, a Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM) e a Empresa Moçambicana de Seguros (EMOSE), também novas duas accionistas da companhia de bandeira, “podem não estar totalmente informadas sobre como a LAM tem operado e como a sua reputação pode ser afectada”.
“Como padrão na indústria da aviação, a LAM, com o apoio de Cahora Bassa [HCB], emitiu uma carta de crédito irrevogável no valor de 3,5 milhões de dólares, para garantir e aterrar estas aeronaves para inspecção. De boa-fé, a Lion Aviation não utilizou a carta de crédito e, em vez disso, utilizou os seus próprios fundos para garantir muitas das aeronaves e proteger a transacção e o cronograma”, diz-se no texto.
Mais de dez companhias concorreram para a venda de aviões à LAM, mas a maioria são intermediárias e não fabricantes, sendo a brasileira uma das poucas que produz aparelhos.
Na semana passada, o ministro dos Transportes e Logística, João Matlombe, disse que a LAM está a ser prejudicada por “conflitos de interesse” e que há pessoas que querem “sequestrar” a empresa.