Na manhã desta quinta-feira, 24 de Abril, a zona da Portagem de Maputo, na cidade de Maputo, voltou a ser palco de aglomerações e tensão entre passageiros e transportadores semi-colectivos de passageiros, vulgo “chapas”. A situação, que se arrasta desde o dia anterior, afecta a normal circulação e força o regresso de alguns passageiros aos pontos de origem e outros a continuarem a viagem a pé pelo facto de terem sido obrigados a descer antes do destino previsto.
O ambiente tornou-se caótico depois de relatos de paralisações forçadas protagonizadas por motoristas que, em protesto, decidiram mobilizar-se entre si, ordenando a paragem dos veículos e o consequente descarregamento de passageiros. A decisão, segundo os próprios transportadores, visa chamar atenção para o que consideram “multas injustas” que estão a ser aplicadas na Portagem.
Em conversa com a “Carta”, vários transportadores denunciaram que estão a ser alvo de multas que variam entre 10 000 e 14 000 meticais, por alegadamente terem atravessado a Portagem sem o devido pagamento. Os motoristas alegam que estas cobranças são excessivas. “Fomos surpreendidos com multas altíssimas”, queixou-se um dos motoristas da rota C700, que liga os bairros periféricos ao centro da cidade de Maputo.
A revolta ganhou contornos mais graves na tarde de ontem, 23 de Abril, após a Unidade de Intervenção Rápida (UIR) ter detido um motorista da referida rota, acusado de transitar pela portagem sem pagamento da taxa. A detenção do condutor foi vista pelos colegas como uma provocação e catalisador da actual mobilização.
Autoridades afastam os “chapas” da Portagem
Perante a confusão, os agentes da UIR e segurança no local decidiram proibir a permanência dos “chapas” na zona da Portagem, alegando que estes estão a causar bloqueios no tráfego. A decisão, embora compreensível do ponto de vista da fluidez da circulação rodoviária, adiciona mais tensão ao ambiente, uma vez que os transportadores exigem respostas concretas sobre as multas e detenções.
Neste momento, os automobilistas têm pretensão de fazer o “parqueamento” das suas viaturas na paragem CMC.
Um conflito à espera de solução
Até ao fecho desta edição, a paralisação forçada ainda decorria e os ânimos continuavam exaltados. Os automobilistas dizem que só retomarão as actividades normais mediante a suspensão das multas e a libertação do motorista detido.
As autoridades, por sua vez, ainda não emitiram nenhum comunicado oficial sobre o incidente nem sobre os próximos passos para normalizar a situação. Importa referir que as viaturas particulares mantêm a circulação habitual, embora com cobranças inconsistentes. Enquanto algumas cabines cobram a portagem, outras permanecem inoperantes.