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4 de Fevereiro, 2019

Amade Abubacar é correspondente da Carta de Moçambique

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O Jornalista Amade Abubacar detido a 5 de janeiro do presente ano, em Macomia por polícias e militares é correspondente da Carta de Moçambique, a sensivelmente dois meses, na qual respondia pelo pseudónimo de Saíde Abibo, um facto normal no mundo do jornalismo. No momento, em que Amade Abubacar foi detido estava a produzir uma reportagem que deveria ser veiculada no dia 7 de janeiro de 2019, a notícia visava perceber o drama dos populares que chegavam a vila-sede de Macomia, fugindo dos ataques dos insurgentes nas aldeias circunvizinhas.

 

Amade Abubacar ou Saíde Abibo é quem produzia reportagens sobre os ataques em Cabo Delgado, e com a detenção, “Carta” teve quebra na veiculação de notícias ligadas a insurgência na zona norte de Moçambique, tendo optado por outros meios, mas nada como antes, por isso, a suposta lista de insurgentes que a Procuradoria Provincial de Cabo Delgado alega ser uma prova de que ele terá violado o segredo de estado, é resultado de uma investigação jornalística que “Carta” vem fazendo sobre o perfil dos integrantes do grupo de insurgentes.

 

Supostamente acredita-se que seja através desta investigação que a informação terá vazado e precipitado a detenção de Amade Abubacar ou Saíde Abibo. Porque as conclusões jornalísticas que se chegou são que há muitos militares e policias expulsos pelo estado que estarão detrás da insurgência em Cabo Delgado.

 

Este detalhe ficou evidenciado quando à 18 de dezembro de 2018, “Carta” noticiou sobre “Benjamim: um ex-polícia acusado de ser quem treina os insurgentes”, esta reportagem escrita por Amade Abubacar precipitou a invasão da sua casa, onde terão extraído o seu computador, por coincidência material crucial no seu trabalho.

 

A outra reportagem investigada e despoletada por Amade Abubacar foi acerca da existência de uma conta no Facebook, em nome de Shakira Júnior Lectícia que promoviam a acção dos insurgentes, em vários locais de Cabo Delgado, que a mesma perdurou por 1 ano e saiu do ar quando “Carta” começou a interagir com as vitimas de Shakira, que segundo noticiamos a 13 de dezembro de 2018, as mesmas não sabiam que seus rostos estavam a ser usados para fins subversivos. O trabalho feito por Amade Abubacar nesta reportagem ajudou a polícia e as pessoas envolvidas a provarem a sua inocência.

 

 Na altura da reportagem, uma equipa da “Carta” foi atrás das vítimas de Shakira Júnior Lectícia para perceber se tinham o conhecimento de que alguém estava usar suas fotos no Facebook, facto que permitiu as supostas “vítimas” de Shakira denunciarem a conta e tendo na altura apresentado também uma queixa nas esquadras de Vilankulo, Cidade da Beira e Pemba.

Entretanto, foi através do trabalho de Amade Abubacar que as pessoas usadas por Shakira Júnior Lectícia foram ilibadas, porque algumas já estavam a ser indiciadas num processo que se levantou para identificar quem era a pessoa por detrás daquela conta. Amade Abubacar estava a desenvolver um trabalho aprofundado sobre a respectiva matéria tendo se levantado a possibilidade da conta pertencer á um ex-militar que terá desertado.

 

Entre várias linhas investigativas que Amade Abubacar estava a desenvolver sobre os ataques em Cabo Delgado, o destaque vai para identificação de que maior número dos integrantes do grupo que semeiam terror a 15 meses no norte do país, são ex-militares ou policiais expulsos da aparelho do estado, como esta a ser provado no julgamento dos 189 indiciados.

 

A afirmação segundo a qual, Amade Abubacar na altura em que foi raptado não estava a desenvolver um trabalho jornalístico não constitui a verdade, porque sim estava a fazer um trabalho para “Carta” que como referimos anteriormente, a reportagem seria veiculada na edição do dia 7 de janeiro, da Carta de Moçambique.

 

Refira-se que Amade Abubacar encontra-se neste momento na prisão central de Cabo Delgado, aguardado julgamento, acusado de instar a violência através de meios informáticos e violação de segredo do estado, estas acusações surgiram duas semanas depois de varias “organizações nacionais e internacionais terem exigido a libertação imediata e incondicional do Jornalista ora detido, e que até ao momento pedem ao governo para que liberte Amade Abubacar porque o acto é ilegal e viola os direitos do homem e a Constituição da República de Moçambique e as demais leis”, dizem as instituições.

Contudo, Amade Abubacar para além de correspondente da “Carta”, o Jornalista é funcionário da Rádio e Televisão Comunitária Nacedje, em Macomia, há nove anos onde já chegou a ser chefe da redacção, para além de ser ponto focal do Centro de Apoio à Informação e Comunicação Comunitária- CAICC.   

Entre várias reportagens escritas por Amade Abubacar ou Saíde Abibo publicada pela Carta de Moçambique, destacam-se as seguintes:

– Dia 26 de novembro de 2018 – Populares perseguem atacantes de Squia, em Nangade e capturam 7 jovens;

– 4 de dezembro de 2018 – Palma: vila segura mas tensa;

– 4 de dezembro de 2018 – Detalhes sobre os mais recentes ataques em Cabo Delgado;

– 6 de dezembro de 2018 – Populares decapitam dois insurgentes e exibem um braço humano;

– 10 de dezembro de 2018 – Mustafa Suale: um alegado rosto da insurgência;

– 10 de dezembro de 2018 – Insurgentes atacam em Cogolo;

– 12 de dezembro de 2018 – Ataque a 10kms do centro de Palma;

– 13 de dezembro de 2018 – Alegados insurgentes capturados ontem em Palma;

– 13 de dezembro de 2018 – “Carta” investigou: o misterioso Shakira Lectícia e de como ele usou o Facebook para exaltar a insurgência no norte de Moçambique;

– 14 de dezembro de 2018 – Centenas de deslocados a caminho de palma;

– 14 de dezembro de 2018 – Shakira Lectícia e os seus amigos do Facebook: Conspiração ou diversão?

– 17 de dezembro de 2018 – Mais um ataque em Cabo Delgado;

– 18 de dezembro de 2018 – O retrato de Benjamim, um ex-polícia acusado de treinar insurgentes em Cabo Delgado;

– 19 de dezembro de 2018 – Como se vive em Mucojo e Quiterajo desde o inicio dos ataques em Cabo Delgado?

– 20 de dezembro de 2018 – Dois mortos em mais um ataque em Macomia;

– 21 de dezembro de 2018 – Quem é o famigerado Mabondo?

– 21 de dezembro de 2018 – Afinal quem financia os insurgentes em Cabo Delgado?

– 21 de dezembro de 2018 – Insurgentes mataram e incendiaram em Milamba, Macomia, ontem à noite;

– 24 de dezembro de 2018 – Chicomo: mais uma aldeia de Macomia alvo dos insurgentes;

– 25 de dezembro de 2018 – Exercito reforça contingente militares em Cabo Delgado;

– 26 de dezembro de 2018 – Lijembe, o decapitador…decapitado;

– 26 de dezembro de 2018 – Os deslocados de Chicomo;

– 27 de dezembro de 2018 – Esforços do governo gorados em Cabo Delgado;

– 27 de dezembro de 2018 – Militares invadem Macomia;

– 27 de dezembro de 2018 – Atacada mais uma aldeia ontem: Ingoane;

– 31 de dezembro de 2018 – Insurgentes atacaram ontem a aldeia Pequeué;

– 2 de janeiro de 2019 – Insurgentes decapitam duas pessoas na aldeia Monjane, em Palma;

– 3 de janeiro de 2019 – Atacado centro de pesca de Kulansi, em Macomia;

– 4 de janeiro de 2019 – Empresário de Palma desapareceu sem deixar rasto há mais de um ano. (Omardine Omar)

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