Sir Motors
A colocação de barricadas em várias ruas do bairro Milamba, na vila de Mocímboa da Praia, cujos responsáveis ainda são desconhecidos, está a gerar um clima de medo e tensão desde esta terça-feira (25). Tudo indica que as barricadas foram colocadas naquele bairro durante a noite de segunda-feira (24), donde no passado saíram muitos jovens que se juntaram a grupos terroristas que operam em Cabo Delgado.
Fontes revelaram à “Carta” ser estranho que as barricadas tenham sido erguidas numa vila fortemente vigiada pelas Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e ruandesas, numa altura em que há relatos de circulação de terroristas nas aldeias vizinhas.
“Tivemos um movimento estranho aqui em Mocímboa da Praia, na rua da minha tia. Para quem vai em direcção ao senhor Majine Wanu, vimos barricadas (com um tronco grande de coqueiro deixado no caminho), o que bloqueou o trânsito”, contou um morador, destacando que esta é a primeira vez que isso acontece desde o retorno das famílias deslocadas.
“Noutro caminho que vai à praia também colocaram uma barricada e a via ficou obstruída. Não sabemos o que aconteceu, cada um tem a sua versão, mas não sabemos quem fez isso. Tudo foi feito durante a noite”, confirmou outro residente de Milamba.
Um dos moradores acrescentou que, na noite de segunda-feira, um grupo de desconhecidos, que se presume ter colocado as barricadas em causa, tentou invadir a residência de um motorista local, mas sem sucesso.
“Ouvimos também que um motorista recebeu uma chamada de desconhecidos que exigiam 50 mil meticais. Essas pessoas disseram que estavam fora da sua casa e eram dez. Ele perguntou onde estavam exactamente, mas não responderam. Ele olhou para fora, não viu ninguém e desligou a chamada”, relatou.
De acordo com as fontes, a situação foi comunicada às autoridades. “Não sabemos quem são, mas, na manhã de terça-feira, chegaram homens do SERNIC e levaram o número da chamada para dar seguimento à investigação”, explicou.
Segundo as fontes, o que mais intriga os moradores é o facto de a situação ocorrer numa vila regularmente patrulhada pelas forças de segurança.
“Na verdade, estamos com medo, porque isso aconteceu numa altura em que temos informações de que os ‘Mababus’ estão em Ulo e aqui em Mocímboa-Velha. Será que são terroristas ou manifestantes? Se forem manifestantes, porque é que agiram à noite? Pelo que estamos a ouvir no país, as manifestações ocorrem de manhã. Estamos preocupados”, concluiu.
“Carta” soube através de fontes que, na segunda-feira (24), grupos terroristas circularam nas aldeias de Ulo e Mocímboa-Velha.
Refira-se que a colocação de barricadas em Mocímboa da Praia e a circulação de grupos terroristas no mesmo distrito, que é por sinal o berço dos ataques terroristas, ocorreu no mesmo dia em que o presidente da República, Daniel Chapo, disse num comício em Pemba que o governo está empenhado na luta contra o terrorismo e também contra as manifestações violentas que, para o Chefe de Estado, não se diferem dos ataques perpetrados pelos terroristas. (Carta)
