Um grupo armado matou dois fiscais do Centro Ambiental da Mariri, na Reserva Especial do Niassa, no último dia 29, e feriu outros dois, durante um ataque ao empreendimento, refere aquela entidade, em comunicado a que “Carta” teve hoje acesso.
A nota avança que dois fiscais estão desaparecidos, na sequência do ataque, e um dos dois fiscais feridos teve de ser evacuado para Maputo, para receber atendimento médico.
A nota assinala que a incursão armada ocorreu entre as 17h00 e as 18h00 e foi protagonizada pelo mesmo grupo que atacou a Kambako Safari, no dia 19 de Abril, do lado da província de Cabo Delgado do Reserva Especial do Niassa.
“A nossa equipa no terreno e parte dos nossos recursos logísticos foram evacuados do acampamento no dia 20 de Abril, na sequência de um ataque levado a cabo pelo mesmo grupo à Kambako Safari, no dia 19 de Abril”, lê-se no texto.
Os fiscais do Centro Ambiental da Mariri encontravam-se no terreno, com o apoio de soldados das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FADM), diz o comunicado.
A nota observa que o ataque foi reivindicado “online” pelo grupo Estado Islâmico de Moçambique (ISIS-Moçambique) e este acontecimento representa uma preocupante expansão do conflito que tem assolado o norte do país, atingindo agora uma das áreas de conservação mais importantes de Moçambique.
“Na sequência do incidente, muitos residentes da aldeia vizinha de Mbamba [com cerca de 2000 habitantes] fugiram para o mato em busca de segurança.
Esta situação de insegurança ameaça o futuro de todos os operadores turísticos que actuam na Reserva Especial do Niassa e afecta negativamente o turismo moçambicano, tanto a nível nacional como regional, considera o centro.
O Centro Ambiental da Mariri enfatiza que a prioridade imediata é garantir a segurança e o bem-estar de todos os afectados.
O projecto, continua a nota, irá reunir as condições necessárias para a retoma das suas actividades.
O Centro Ambiental da Mariri é sede do Projecto Carnívoros do Niassa, uma organização de conservação que trabalha na Reserva Especial do Niassa em parceria com a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) há 22 anos.
Aquela organização actua em toda a área protegida, colaborando com as 47 comunidades e parceiros de conservação, com a missão de garantir a conservação de leões, leopardos, hienas-malhadas, cães selvagens africanos e as suas presas, através da promoção da coexistência com as pessoas e o respeito pela cultura local e o meio ambiente.
Na concessão L5 Sul (580 km²), onde o Centro Ambiental da Mariri colabora com a Aldeia de Mbamba, através do acordo de conservação comunitária Tchova Tchova, promove a conservação e o desenvolvimento, destaca-se no comunicado, assinado pelos directores do referido empreendimento, Colleen Begg, Agostinho Jorge e Keith Begg.