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28 de April, 2025

Assunção Abdula avança por uma CTA forte e unida

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A empresária Assunção Abdula pode vir a tornar-se na primeira mulher presidente da Confederação das Associações Económicas (CTA), principal agremiação que congrega o patronato do país, entidade que desde a sua fundação tem sido dirigida por homens.
Abdula diz que a organização já deu muito e ainda tem muito por contribuir para a vida económica e social do país, desafios que galvanizam a sua candidatura à direção da organização.
Entre as suas prioridades, aponta a criação de um ambiente favorável ao “conteúdo local”, porque se trata de “uma estratégia importante, para fortalecer a economia local, permitindo que empresas moçambicanas participem mais activamente na cadeia de valor”.
A conversa insere-se nas entrevistas que Carta pretende realizar com todos os candidatos à presidência da CTA, sendo que, até agora, apenas Assunção Abdula se predispôs a dar o “corpo ao manifesto”.

Quais são os principais desafios da recuperação económica?
Acho que temos muitos desafios como país, mas alguns que considero os principais desafios da recuperação económica incluem a incerteza global, inflacção, flutuações de preços de commodities, desemprego elevado, acesso ao crédito para pequenas e médias empresas e a necessidade de implementar reformas estruturais. Também acho que a recuperação deve levar em conta as desigualdades sociais e as prioridades de saúde pública, especialmente, após crises como a pandemia, e hoje, acho que devemos falar também da nossa integração à Inteligência artificial.

Como olha para o Local Content? As empresas moçambicanas têm chances? Como?
O Local Content é uma estratégia importante, para fortalecer a economia local, permitindo que empresas moçambicanas participem mais activamente na cadeia de valor. As empresas locais têm chances de prosperar, se investirem em capacitação, tecnologia e parcerias estratégicas, transparência, governance, entre outros requisitos que integram as necessidades de trabalhar no mercado global (Temos de estar alinhados. Não somos uma ilha). Sou da opinião que políticas governamentais que incentivem a contratação local e ofereçam suporte a empresas emergentes também são fundamentais.

Como terminar com a manipulação dos concursos públicos por parte do sector privado?
É uma pergunta agridoce. Sabemos que não somos perfeitos como país e nem como sociedade, mas vamos caminhar para isso, com certeza. Havendo, é uma ameaça sem dúvidas e, por isso, para combater a manipulação dos concursos públicos, é essencial aumentar a transparência e a fiscalização. Para tal, isso deve incluir, por exemplo, a implementação de auditorias independentes, a publicação de critérios claros de selecção e a formação de um comité de supervisão que inclua membros da sociedade civil. Promover a denúncia de práticas ilegais e garantir a protecção de quem denuncia também são medidas que considero importantes.

Como vai reverter o descrédito público da CTA?
Não sei se estamos tão descredibilizados assim como a pergunta parece sugerir, mas eu sei que toda a casa tem problemas e que os problemas existem para serem ultrapassados. O que vamos fazer para colocar a nossa imagem onde uma instituição como a CTA merece estar é, sem dúvidas, trabalhar na construção de uma imagem de transparência e responsabilidade. A ideia aí passa por implementar iniciativas de comunicação clara, engajamento com a sociedade civil, e a promoção de resultados tangíveis em projectos e políticas que beneficiem a economia local. E também deve-se incluir as demonstrações de compromisso com a ética e a integridade, pois, são fundamentais para o sucesso de qualquer instituição.

Temos que deixar os egos de lado

Como melhorar o diálogo público-privado?
Para melhorar o diálogo entre os sectores público e privado, é fundamental estabelecer canais de comunicação regulares e eficazes. Organizar fóruns, mesas-redondas e encontros de negócios pode facilitar a troca de ideias e preocupações. Além disso, é importante ouvir as vozes de ambos os lados e trabalhar juntos na formulação de políticas que atendam às necessidades do país e da economia. Resumindo: DEVEMOS PENSAR O PAÍS, deixar os egos de lado, esquecer o divisionismo, e trabalhar em prol do nosso desenvolvimento, pois, é o que acredito que todos queremos.

Não acha que assumir o cargo de Presidente da CTA é como que um presente envenenado, uma vez que a confederação está endividada até ao pescoço?
A confederação está endividada até ao pescoço? Será que é a única coisa que se consegue ver da CTA? Não existem pontos positivos? Bom, toda a casa tem os seus problemas e nunca podemos esperar que os problemas se resolvam por si só, e nem podemos esperar que vamos encontrar sempre rosas nos nossos caminhos porque todos sabemos que isso não existe. Eu gosto de desafios, entendo que a CTA já deu muito ao país e ainda tem muito a dar. Também acho que temos pessoas muito competentes, sagazes e cheias de vontade de contribuir e que querem muito bem a instituição e acreditam no valor da CTA para o país. Por isso, respondendo directamente a sua pergunta: estou preparada para todos os desafios que vierem e tenho certeza que os associados também estão e vão dar “sangue” pela instituição, e eu conto com todos!

Neste momento, não temos como falar a fundo dessa questão, mas eu sou gestora de profissão e não seria nenhuma novidade lidar com situações dessa natureza. Mas em linhas gerais, o que deve ser feito é implementar medidas de gestão efectiva de dívidas, com vista a recuperar a saúde financeira, permitindo um compromisso responsável com as obrigações fiscais e previdenciárias. Algumas dessas medidas incluem:
Reestruturação Financeira: avaliar a situação financeira actual e desenvolver um plano de reestruturação que priorize o pagamento das dívidas. Isso inclui renegociações de prazos e condições de pagamento com as autoridades fiscais e previdenciárias, e outros credores.Corte de Despesas: implementar medidas de contenção de despesas em áreas não essenciais, o que permitirá a alocação de recursos financeiros para o pagamento das obrigações devidas e outras prioridades.
Utilização de Recursos Próprios ou Novos Financiamentos: se viável, buscar financiamento externo ou interno, como empréstimos com condições favoráveis, para saldar as dívidas e evitar a penalização por falta de pagamento. (Mas esta é uma hipótese muito remota em que, honestamente, vai depender da situação em si, mas creio que será um dos últimos recursos).

Transparência e Prestação de Contas: engajar os associados e a sociedade no processo, comunicando claramente as intenções e os passos a serem dados para o pagamento das dívidas. Creio que isso pode ajudar a restaurar ou aumentar a confiança e garantir que todos tomem conhecimento e participem das medidas adoptadas. Precisamos que todos se revejam no processo e se sintam parte do mesmo.
Acho que esses passos podem ajudar e muito nessa questão e tornar a CTA naquilo que todos almejamos. Uma CTA forte, unida e transparente, voltada aos seus associados e na contribuição para o progresso do país.

 

Sir Motors

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