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20 de Janeiro, 2025

Atrasos salariais e gestão danosa gera greve na Escola Internacional de Maputo em dia do regresso às aulas

O dia em que se previa ser de regresso às aulas na Escola Internacional de Maputo (EIM) foi marcado por uma manifestação de professores e outros funcionários da instituição. Com dísticos nas mãos, os trabalhadores exigem o pagamento dos salários, que estão atrasados desde Novembro de 2024. A situação, que já é considerada por muitos como um “assunto de barba branca”, vem se arrastando há meses e tem gerado um crescente mal-estar entre a comunidade escolar.

 

De acordo com informações obtidas pela “Carta”, a falta de pagamento de salários não é a única preocupação dos funcionários. É denunciada uma gestão danosa por parte do director Lukas Dominic Mkuti, a quem imputam qualificações como “incompetente” e “arrogante”. A insatisfação é compartilhada também por muitos encarregados de educação, que afirmam que a qualidade do ensino na instituição tem sido comprometida pela falta de recursos e pela negligência da direcção.

 

Entre os pontos de maior indignação destaca-se a desigualdade no tratamento dos professores. “Os professores estrangeiros receberam os salários e estão motivados a trabalhar, porque o director paga a esses professores de forma pontual e dá-lhes privilégios”, afirmam os professores moçambicanos. Segundo eles, enquanto os professores estrangeiros são pagos regularmente, os professores locais continuam sem salários desde Novembro.

 

A situação chegou a um ponto em que a Associação dos Pais se mobilizou para intervir. Tentativas de diálogo com o director foram infrutíferas e os pais expressam frustração pela falta de atenção às suas queixas. Um dos pontos mais preocupantes é o impacto da falta de pagamentos na certificação internacional da escola. Os encarregados de educação alertam que a certificação Cambridge, que antes era um diferencial da instituição, está em risco de ser comprometida, devido à falta de recursos necessários para a manutenção da qualidade académica.

 

Ademais, a Associação dos Pais denuncia a extinção do tradicional conselho que envolvia pais e professores e a alegação de que o director faz uso pessoal do valor arrecadado com as mensalidades. “Os pais pagam um valor considerável pela educação dos filhos, mas o director faz uso pessoal desse valor, alegando que nada lhe acontecerá por ser maconde [etnia da província de Cabo Delgado, maioritariamente constituída por antigos guerrilheiros da Frelimo] e por ter protecção de figuras superiores”, declara a Associação dos Pais.

 

A Associação, nas várias tentativas de diálogo com o director, não obteve respostas satisfatórias. Nas reuniões anteriores com a Ministra cessante da Educação, houve promessas de que a situação seria resolvida até Dezembro de 2024, mas até ao momento nada foi feito para resolver a crise salarial.

 

A Escola Internacional de Maputo, que segue o currículo britânico e oferece ensino até ao nível pré-universitário, é regulamentada pelo Diploma Ministerial n.º 157/98, com supervisão do Ministério da Educação. Apesar da sua importância para a educação de filhos de diplomatas e funcionários das organizações internacionais, a escola enfrenta uma grave crise interna que compromete sua continuidade e a qualidade do seu ensino.

 

Os professores, pais e funcionários apelam à Direcção da escola e às autoridades competentes para que haja um diálogo e uma solução imediata para a crise, que já afecta a credibilidade e o funcionamento da instituição. (Carta)

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