Funcionários e Agentes do Estado que haviam retornado à sede distrital e às aldeias do distrito costeiro de Quissanga, em Cabo Delgado, voltaram a abandonar, na sexta-feira (21), os seus locais de trabalho, devido ao medo gerado por mais um ataque às Forças de Defesa e Segurança (FDS), na sede do posto administrativo de Bilibiza, atribuído aos grupos terroristas que circulam na região desde a semana passada.
Fontes informaram que o ataque, que provocou o novo abandono, especialmente de funcionários e agentes do Estado dos sectores de Educação, Agricultura e Saúde, ocorreu na tarde de quinta-feira (20) e teve como alvo o quartel militar de Bilibiza, localizado a poucos metros da aldeia.
“Na sexta-feira, chegaram colegas de Bilibiza. Eles fugiram na tarde de quinta-feira até Mahate quando os tiros começaram e, no dia seguinte, retornaram para buscar os seus pertences e voltaram a Mahate. Eles foram transportados pelo carro do serviço”, disse um funcionário de saúde que ainda não havia retornado a Bilibiza.
Apesar da presença das Forças de Defesa e Segurança, os funcionários que estavam na sede também abandonaram a área, utilizando a via marítima até à cidade de Pemba.
“Não atacaram Quissanga. Foi em Bilibiza-sede, onde houve confronto e os funcionários tiveram de fugir. Aqui em Paquitequete, eu vi um barco que trouxe trabalhadores de lá”, confirmou um residente de Quissanga-Praia, refugiado no bairro Paquitequete, em Pemba.
Os moradores de Bilibiza relataram à “Carta”, no último sábado, que o ataque à posição militar começou por volta das 16h00 de quinta-feira e os membros das Forças de Defesa e Segurança responderam prontamente, embora alguns tenham fugido com a população.
“Agora estamos bem, mas não temos trabalhadores, todos saíram”, disse um morador, manifestando preocupação sobre a eventualidade de nos próximos dias surgirem problemas relacionados à assistência médica e à falta de aulas.
Os populares não avançaram nenhuma informação sobre o número de vítimas de ambos os lados, mas uma fonte militar afirmou à “Carta”, sem muitos detalhes, que foram registadas três mortes, sem especificar se foram de militares ou terroristas.
Além disso, uma fonte militar afirmou que os terroristas, que há algumas semanas circulam pelas aldeias do vizinho distrito de Meluco, apoderaram-se de armas e de produtos alimentares. (Carta)