Ahhhhh, por que isto é uma aberração… Ahhhhh, porque a filial do banco de Moçambique em Chimoio é uma fraude… Ahhhhh, porque aquele dinheiro podia ter sido aplicado em coisas mais úteis… Ahhhhh, porque este país é uma vergonha… Ahhhhh, porque alguém deve ser responsabilizado… Ahhhhh, porque isto, porque aquilo… Ahhhhh, porque etecetera.
Calma aí, pessoal! Muita hora nessa calma! Cuidado com o que vocês andam a dizer! Agora me digam: vocês viram o projeto arquitectónico?! Vocês viram a planta?! Vocês sabem o que Rogério Zandamela pediu ao empreiteiro?! Vocês sabem o que ambos os dois combinaram?! Sabem?! Não! Então, informem-se, primeiro! Vai que o Banco de Moçambique decidiu construir um banheiro público no âmbito do combate à COVID-19?! Vai que, no âmbito da sua responsabilidade social, o Banco Central decidiu financiar a construção de uma casa-de-banho pública moderna e resiliente a mudanças climáticas?!
Por acaso, alguém procurou saboneteira naquele auditório e não encontrou?! Por acaso, alguém se interessou em saber onde ficam as toalhas?! Por acaso, alguém tentou ver se aquela água podia sair quente ou morna?! Nada! Ninguém! Só viram chuveiros abertos e saíram logo a insultar. Compatriotas, sejamos um pouco civilizados! Por causa dessas vossas bocas podemos perder grandes investimentos.
Pois é! Devíamos dar o benefício da dúvida ao tio Zandamela. Deixemos que ele se explique. Pois eu não acredito que ele tenha mesmo decidido deitar no lixo mais de 570 milhões de Meticais assim do nada. Não acredito. Soares da Costa é uma empresa muito séria que não precisa de provar a ninguém. Deve ter erguido o que lhe pediram para erguer. Podemos estar aqui a acusar pessoas muito bem intencionadas.
Eu já vi obras mal feitas… já vi casas que chovem de verdade… já vi grandes obras com problemas de cobertura… mas edifício com torneiras nos candeeiros é a primeira vez. Lâmpada que sai água só pode ser algo propositado. Eu conheço infiltração, e não se parece nada com aquilo. Aquilo é chuveiro mesmo, mas mais sofisticado. O erro humano não é assim tão atrevido. Só pode ser criatividade de engenharia, meus irmãos. Torneira no ar condicionado é muita genialidade. Há que reconhecer. A nossa boçalidade deve ser grande demais a ponto de não entendermos o civismo que nos querem ensinar. Talvez somos rudimentares demais. Devíamos é agarrar umas calmas e procurarmos saber como se usa aquilo.
Não! Eu recuso-me a aceitar. Não estamos a ser justos com o tio Zandamela. Ele há-de vir a público explicar bem essa cena. Deve haver algum mal-entendido da nossa parte, gente. Estamos a ser precipitados. Deixem o velhote se explicar. Deixem o cota explicar como é que aqueles chuveiros não dão choque. Em condições normais, água saindo acidentalmente das lâmpadas, tomadas e interruptores dá esticão. Se fosse erro, pessoas morreriam electrocutadas ali naquele chão. No mínimo aquilo daria um curto-circuito. Só pode ser intencional, pessoal. Vamos ser sérios! Nem é para rir.
Vamos com calma! Mas vocês acreditam mesmo que o Presidente da República não sabia que estava a inaugurar um banheiro público requintado? Come on, piplo!!! Estamos no tempo de COVID-19, esqueceram?! Talvez a ideia seja mesmo massificar o banho. Pode ser um projeto-piloto de socialização do banho. Não se esqueçam que o primeiro túnel de desinfecção público foi inaugurado em Chimoio. Não se esqueçam que em Chimoio higiene é na casa dele. Não se esqueçam que Ferreira está a jogar. Um chuveiro comunitário deve ter sido a ideia. Esforços conjugados da edilidade, do Banco Central e do governo. Esperemos para ver. Eu estou aqui calmo e sereno, só a olhar. Ainda acredito nas boas intenções desta gente.
– Co’licença!