Se a notícia da morte de Orlando Conde chocou os desportistas do país e não só, na Beira, caiu que nem uma bomba.
Eu, que vivi e acompanhei em muitos anos a carreira e o aprumo deste internacional, e que me senti na obrigação de reportar os meus sentimentos, perguntava a mim próprio: como, através de palavras, se transmite o pesar de milhares de moçambicanos, sobretudo os amantes do desporto, relativamente ao homem que acabava de partir, levando consigo o seu coração nobre e carinhoso, que fez vibrar de alegria, em várias décadas, multidões no país e no estrangeiro?
A brutalidade da notícia, mesmo num mundo em convulsão, teve o efeito de um tufão.
DESPEDIDA INESPERADA
Como que a despedir-me do Orlando, recentemente a Carta da Semana publicou, em tom de elogio um texto meu, cujo título era: “Orlando ou Chiquinho: Quem é rei, na família Conde”? Parecia uma despedida!
E agora? Como é que ele gostaria que chorássemos a sua partida?
Do seu percurso, como craque em várias modalidades, fala a sua obra. Da entrega, como dirigente falam os sucessos. Da sua estatura humana, gostariam de falar os milhares de beirenses que ficaram órfãos de uma estrela de várias modalidades.
AS MIL FACES
Com a paixão que o desporto não deixa cessar, de praticante a dirigente; de homem do básquete ao do futebol e atletismo; de moçambicano orgulhoso a beirense de gema; de goleador a ressaltador, Orlando Conde deixa imensas saudades e boas lembranças.
A excelência nas performances, o carácter e o comportamento, num tempo de condições sociais diferentes, foram apenas o início duma vida multifacetada no desporto nacional, afinal uma actividade que tem o “carimbo” de toda a família Conde.
O Ferroviário da Beira foi a sua casa.
Orlando parte para a eternidade com o legado cimentado como um dos mais relevantes desportistas moçambicanos, pela longevidade, dedicação e impacto nas várias pessoas e instituições com quem trabalhou.
A sua vida, seguramente, reforçará a paixão da juventude pelo desporto, como ‘ponta-de-lança” para o desenvolvimento do nosso belo país.
Vai em paz, Orlando. Os moçambicanos, particularmente os beirenses, nunca esquecerão um Conde que foi, na plenitude, um Rei no desporto e na vida.