Navio militar francês escala Porto de Maputo para reforço de cooperação marítima

7 de May, 2025

Escrito por Carta

O navio militar francês de patrulha polar “L’Astrolabe” encontra-se ancorado no Porto de Maputo, no âmbito da sua missão de vigilância das zonas económicas exclusivas francesas no Canal de Moçambique. Baseado na Ilha da Reunião, o “L’Astrolabe” representa o compromisso das Forças Armadas Francesas na zona sul do Oceano Índico (FAZSOI) com a segurança marítima regional e a cooperação com as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).

Segundo o Capitão-de-fragata, Nicolas Mousseau, a missão principal do “L’Astrolabe” é de abastecer as estações francesas situadas na zona sul da Antártica. É disponibilizado 120 dias por ano para prestar apoio ao abastecimento à zona antártica francesa. Para o resto do ano, ocupa-se em missões pela soberania das águas francesas na zona sul do Oceano Índico.

“É no âmbito dessas missões que ocorre essa escala aqui em Maputo, ao abrigo da parceria que temos com o país, mas concretamente com a marinha de guerra moçambicana. No decurso dessa escala, teremos a visita do major-general Jean-Marc Giraud, comandante superior das FAZSOI, para reunir-se com as autoridades militares moçambicanas e explorar novas perspectivas de cooperação, incluindo formação, exercícios conjuntos e segurança marítima”, disse Mousseau.

Falando a jornalistas, o capitão explicou que durante a escala os militares franceses vão efectuar actividades com a marinha moçambicana, como formação em mergulho humano e segurança contra incêndio. Mousseau disse que, no início dessa missão, o “L’Astrolabe” embarcou dois moçambicanos que puderam fazer a experiência de toda a navegação desde a Ilha da Reunião até Maputo. No âmbito dos acordos de cooperação, “L’Astrolabe” doou 15 mil litros de gasóleo à marinha moçambicana.

“Todas essas actividades visam solidificar as relações de cooperação entre França e Moçambique. Evidentemente, nós partilhamos uma responsabilidade com Moçambique que é assegurar a protecção e segurança no Canal de Moçambique”, acrescentou o capitão.

A escala que iniciou esta segunda-feira (05) terá a duração de três dias. Este encontro tem lugar num contexto particularmente favorável: o Acordo de Cooperação no Domínio Marítimo, assinado em Maputo a 13 de Dezembro de 2023, foi ratificado pela França (a 4 de Março de 2025) e por Moçambique (Resolução n.º 37/2024 de 16 de Julho).

A embarcação é propriedade da administração das Terras Austrais e Antártica Francesas (TAAF), mas a operação e manutenção estão a cargo da Marinha Francesa desde 2017. O navio de patrulha polar é um quebra-gelo nascido de uma parceria entre as TAAF, a Marinha Francesa e o Instituto Polar Francês (IPEV), destinado a garantir o apoio logístico das bases francesas situadas na Antártida.

No âmbito das suas missões de apoio logístico na Antártida (MSLA), o “L’Astrolabe” efectua anualmente cinco rotações logísticas durante o verão austral a partir de Hobart, na Tasmânia, por conta do Instituto Polar Francês Paul Emile Victor (IPEV), para abastecer a base científica francesa Dumont d’Urville, situada em Terre Adélie e apoiar as actividades científicas na zona.

Durante inverno austral, o “L’Astrolabe” conduz missões de soberania do Estado francês nos seus espaços marítimos ultramarinos no sul do Oceano Índico, particularmente nas zonas económicas exclusivas das ilhas subantárticas francesas (arquipélagos de Crozet e Kerguelen, ilhas de Saint-Paul e de Amesterdão), missões durante as quais o navio pode ocasionalmente ser chamado a efectuar operações de fiscalização das pescas ou de salvamento no mar.

Construído em 2016 pelos estaleiros navais de Piriou em França, o “L’Astrolabe”, que pesa mais de 4.000 toneladas e com 72 metros de comprimento por 16 metros de largura, pode embarcar 40 passageiros, 500 toneladas de carga sólida e líquida e dois helicópteros. Quebra-gelo de categoria 5, é capaz de navegar em glaciares de até 1,20 metros de espessura. É tripulado por duas equipes de cerca de vinte marinheiros, que se revezam para efectuar as suas longas patrulhas nas zonas frias.