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21 de April, 2025

Crise de combustíveis: Há gasolineiras que estão a suspender actividades e contratos de trabalhadores

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A Associação dos Revendedores Retalhistas de Combustível de Moçambique (ARCOMOC) diz que há associados que estão a suspender contratos de trabalho por causa da crise no sector dos combustíveis, porque já não podem pagar salários por não estarem a operar.

“Por causa deste problema, há retalhistas que já não estão a conseguir cumprir com as suas obrigações. Existem retalhistas que não conseguiram pagar os salários no mês de Março. Há operadores que estão a suspender os contratos porque não conseguem ter uma previsibilidade de quando esta situação vai terminar. É uma situação realmente deplorável”, disse o Presidente da ARCOMOC, Nelson Mavimbe, em entrevista ao Podcast do Centro de Integridade Pública (CIP).

Dados do CIP revelam que das 30 empresas que fazem a importação e distribuição de combustíveis, apenas 10 estão a operar, facto que está a sufocar ainda mais a economia. Nesse contexto, Mavimbe faz um apelo ao Governo para que melhor se inteire, comunique e traga soluções para a crise. “Penso que é extremamente importante que o Governo seja mais interventivo e viva mais os problemas do sector”, afirmou o Presidente da ARCOMOC que gere cerca de 900 postos de abastecimento por todo o país.

Durante o CIP Podcast, Mavimbe não foi único que criticou a posição do Governo de falta de intermediação para o fim da crise, alegadamente porque o problema envolve privados, nomeadamente, as gasolineiras e os bancos.

Juntou-se a esta onda de críticas, o pesquisador do CIP, Baltazar Fael. Segundo Fael, em tempos de crise, a Autoridade Reguladora de Energia (ARENE) é quem deveria comunicar mais, com vista a esclarecer o problema e assegurar medidas para pôr o fim à crise, mas debalde.

“Em condições normais, numa economia que funciona, quem tem que aparecer nestas situações é o regulador. E ainda não vimos o regulador a falar publicamente sobre o que está a acontecer. Se formos a reparar nos grandes mercados, os operadores não falam com o Governo, eles interagem com o regulador. A pergunta que faço é onde está o regulador, ele não aparece. Entretanto, quando há aumento de preços, ele aparece sempre ao lado do Governo”, criticou o pesquisador.

A crise de combustíveis deve-se principalmente à falta de moeda externa no mercado bancário nacional. Sem divisas, as gasolineiras enfrentam muitas dificuldades para conseguir garantias bancárias. Como consequência, dados aos quais tivemos acesso, há nos terminais oceânicos, cerca de 100 mil toneladas métricas de combustível em financial hold, isto é, retidos por falta de emissão de garantias bancárias referentes aos últimos dois meses. A referida quantidade é avaliada em 70 ou 80 milhões de USD.

Contudo, a falta de divisas não é um problema novo em Moçambique e, as consequências para o sector de combustíveis, também não são de agora. A actual crise, por exemplo, faz-se sentir há um mês, mas nas últimas semanas, nas cidades de Maputo e Matola.

O Jornal apurou que empresas como a Petróleos de Moçambique (PETROMOC), Total Energies, Engen, Puma Energy são as mais afectadas pelo fenómeno, enquanto a Galp tem conseguido gerir a situação.

 

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