Nini Satar, condenado a 24 anos de prisão pelo homicídio, em 2000, do jornalista Carlos Cardoso, “foi encontrado morto”, hoje, na sua cela, na Cadeia de Máxima Segurança da Machava (BO), anunciou em comunicado o Serviço Nacional Penitenciário (SERNAP).
“Hoje, por volta das 07:30, no acto da vistoria matinal, efectuada por agentes da guarda prisional, adstritos ao referido estabelecimento, deparou-se com o cidadão Momad Assif Abdul Satar, estatelado no soalho, aparentemente sem sinais”, avança-se na nota.
Na sequência da ocorrência, foi accionado o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), que realizou diligências de inspecção, tendo apurado que Nini já estava sem vida, adianta-se no comunicado.
O SERNAP diz que continua a acompanhar as diligências em curso, visando apurar as circunstâncias da morte do recluso.
Depois de ter sido condenado a 24 anos de prisão, em Janeiro de 2003, pelo homicídio de Carlos Cardoso, Nini Satar havia saído da cadeia, em liberdade condicional, mas voltou à prisão, em 2018, para concluir a pena, por ter fugido do país e se escondido na Tailândia.
Foi capturado naquele país asiático, na sequência de um mandado internacional, a pedido das autoridades moçambicanas.
Além do “caso Cardoso”, as autoridades policiais e judiciais moçambicanas imputaram a Nini Satar alegações de envolvimento, como autor moral de vários crimes de rapto, que assolam as principais cidades moçambicanas, alguns com ramificações internacionais, mas nunca foi constituído arguido em conexão com essas suspeitas.
Em 2023, dois agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) foram condenados a sete anos de prisão, cada, e outros três arguidos, a quatro anos de cadeia, pela tentativa de assassinato de Satar, na BO.
Enquanto esteve na Tailândia, sem que na altura se soubesse que se encontrava naquele país asiático, atacou abertamente as autoridades judiciais moçambicanas, por alegadamente o pretenderem eliminar, e com acusações de corrupção que nunca provou.
O seu irmão, Ayob Satar, que também tinha sido condenado a 24 anos de prisão no “caso Cardoso”, foi morto a tiro, em 2014, no Paquistão, para onde se deslocara, depois de sair em liberdade condicional, após o cumprimento de metade da pena.
Um outro arguido e condenado no aludido processo, Vicente Ramaya, também morreu assassinado, em Maputo, quando se encontrava em liberdade condicional.