Moçambique lançou ontem (24), em Maputo, a Plataforma Integrada para Monitoria de Impacto Situacional (PRISM) que visa efectuar análises de eventos climáticos e meteorológicos ao longo do país em tempo real.
A Secretária Permanente do Ministério das Comunicações e da Transformação Digital, Nilza Miquidade, que dirigiu o evento, explica que a PRISM permite a monitoria de choques climáticos online para posterior análise e tomada de decisões em acções de redução de risco.
A plataforma também visa reduzir as barreiras para aceder à informação climática do país, tendo em conta que é gratuita. A mesma está disponível 24 horas e as pessoas poderão ter acesso à informação do clima, vulnerabilidade do local, à semelhança do que acontece nos outros países.
Vale lembrar que Moçambique é vítima de eventos climáticos extremos que, nos últimos anos, são cada vez mais frequentes e de maior intensidade.
Actualmente, o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) enfrenta desafios para aceder à informação climática ou meteorológica em tempo real que permite fazer intervenções nos locais onde estão a decorrer desastres.
ONU confirma 2024 como o ano mais quente em 175 anos
Segundo o relatório do Estado do Clima de 20/24 publicado pela Organização Mundial de Meteorologia, a temperatura média global foi de 1,55 graus centígrados, com uma margem de incerteza de mais ou menos 0,13 graus centígrados acima da média entre 1850 a 1900. Assim, 2024 foi o ano mais quente nos 175 anos do registo observacional, batendo o anterior recorde estabelecido apenas no ano anterior.
Nilza Miquidade explicou que, durante o ano 2024, os oceanos continuaram a aquecer, o nível do mar subiu e os glaciares continuam a derreter a um ritmo alarmante.
“Os glaciares continuam a recuar e o gelo marinho de Antártida atingiu a segunda extensão mais baixa alguma vez registada, aliado ao facto de as condições meteorológicas extremas continuarem a ter consequências devastadoras em todo o mundo”, disse.
Miquidade falava em Maputo, no quadro das celebrações alusivo ao dia 23 de Março, dia mundial da meteorologia”, que no presente ano celebra-se sob lema, “Juntos fechando a lacuna do aviso prévio”.
A Coordenadora residente da Nações Unidas, Caterine Souz, informou que nos últimos anos Moçambique foi atingido por eventos climáticos e meteorológicos extremos, ciclones, inundações, a seca induzida pelo fenómeno El Nino e chuvas irregulares.
“Esses eventos estão a acontecer em ciclos cada vez mais curtos, exacerbando as necessidades humanitárias, aumentando os riscos de protecção e eliminando os ganhos de desenvolvimento duramente conquistados”, disse.
Ressalvou que o lema das comemorações do presente ano e a nova realidade climática lembra a todos que os sistemas de alertas antecipados não são luxo, mas sim necessidade e investimento sólido.
“Moçambique foi escolhido como país piloto da iniciativa “aviso prévio” e, para o Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, é também parte do mecanismo de financiamento de prevenção sistemática, o investimento de estações meteorológicas em todo o país, assim como sistemas de aviso prévio”, disse.
Já o director-geral do Instituto Nacional de Meteorologia, Adérito Aramuge, que apresentou o relatório anual sobre estágio do Clima, referiu que faz parte do apanágio do país reforçar os sistemas de aviso prévio.
Manifestou o seu apreço à cooperação com os seus parceiros internacionais no sentido de mitigar os eventos climáticos extremos e o seu impacto sobre as pessoas e infra-estruturas.
“Os nossos compromissos são extensivos aos nossos parceiros internacionais, Reino Unido, Finlândia, África do Sul e da Zâmbia, aqui presentes que estão em Moçambique na implementação das actividades que apoiam esta iniciativa de aviso prévio que hoje somos chamados a estarmos juntos para fechar a lacuna que existe dentro do sistema de aviso prévio”, disse.
O evento contou com a presença de membros do Conselho Consultivo do Ministério das Comunicações e da Transformação Digital, do INAM, corpo Diplomático acreditado em Moçambique, Agência das Nações Unidas, académicos e outras instituições públicas.