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21 de Março, 2025

Mulheres de Nampula exigem integração nos processos de tomada de decisão

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A integração da mulher nos processos de tomada de decisão, sobretudo nas zonas rurais, continua questionável, situação que tem vindo a inquietar esta camada social. A exclusão faz com que grande parte dos problemas que afecta esta camada ainda continuem a fazer-se sentir em suas vidas, quer no ramo económico, político e social, submetendo-as num estado de total dependência e de extrema vulnerabilidade.

 

Este pronunciamento foi feito por algumas mulheres ouvidas esta quinta-feira (20), à margem de um encontro subordinado ao tema: Diálogo entre Mulheres e Lideranças Locais em Moçambique sobre a Paz e Reconciliação Social.

 

As entrevistadas dizem que, apesar da percentagem das mulheres nas posições de chefia, assim como no parlamento, estar a demonstrar alguma representatividade, o mesmo não se verifica nas zonas rurais, tornando-as cada vez mais submissas aos homens, sobretudo quando se trata de assuntos de tomada de decisão.

 

Catarina Gaspar, representante da Associação das Mulheres Rurais, frisou que a maior parte das mulheres [nas comunidades] não são envolvidas nos processos de tomada de decisão, uma situação que tem vindo a gerar muita inquietação, porém, anseia melhorias por parte do Governo para empoderar e incluir as mulheres.

 

“Lá na comunidade a mulher não tem espaço para diálogo, no que diz respeito à tomada de decisão, mas a nossa associação tem realizado palestras a fim de dar a conhecer às mulheres os seus direitos, sejam elas camponesas ou desempregadas”, referiu Catarina Gaspar.

 

Por seu turno, Palmira Revula, coordenadora do Centro de Desenvolvimento da Democracia (CDD) em Nampula, aponta que tal situação se deve à falta de vontade política por parte do Governo.

 

“Notamos que ainda há falta de esforço por parte do governo no sentido de envolver as mulheres nos espaços de diálogo e tomada de decisão desde o topo até à base, ou seja, desde o distrito, posto administrativo e localidade. Temos académicos, sociedade civil, entre outros, que dia após dia produzem conhecimento e se houvesse vontade por parte do governo já teríamos ultrapassado estas questões. Isto leva-nos a concluir que alguns destes factores acabam gerando tensões no âmbito da paz e estabilidade do país”, lamentou Palmira Revula.

 

Anabela Lucas, representante do Fórum das Organizações Não-Governamentais do Niassa, acredita que a mulher tem voz, mas a mesma não é ouvida e anseia que haja estratégias com vista a colmatar o problema.

 

“Com tantos instrumentos legais e/ou acordos que o país subscreveu, não se justifica que a mulher continue refém de uma determinada ala e ainda viva como assistente na tomada de decisões. Queremos dar a nossa voz e acreditamos que um dia as coisas podem mudar, porque estamos num quinquénio novo, com uma nova liderança”, disse Anabela Lucas.

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