Num acto de autoritarismo e intolerância política, idêntico ao que vem sendo apresentado por alguns manifestantes, o antigo Presidente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ), Manuel Formiga, tem estado nas ruas de Maputo a remover e a rasgar cartazes de protesto, colados em viaturas, no âmbito das manifestações populares convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Genro da Ministra do Trabalho e Segurança Social (Margarida Talapa) e membro do Comité Central da Frelimo, o órgão mais importante do partido no poder no intervalo entre os congressos, Formiga foi uma das principais “estrelas” do contra-ataque às manifestações, ao liderar, no último fim-de-semana, um grupo de três cidadãos que, ao longo da Avenida da Marginal, removiam e rasgavam cartazes de protesto.
No seu acto “patriótico”, registado em vídeos gravados por um dos integrantes do grupo, o antigo Presidente do CNJ, braço da OJM (organização juvenil da Frelimo), Manuel Formiga questionava, primeiro, os condutores se concordavam com o protesto e depois informava que ia remover e rasgar os cartazes.
“Você concorda com esta abordagem?”, perguntava, obtendo respostas favoráveis, assim como não favoráveis aos protestos, porém, com o argumento unânime de que os cartazes eram um “meio de segurança” nas deslocações dos condutores em toda a cidade e província de Maputo.
“Este [Venâncio Mondlane] não quer povo no poder. O que quer é o povo revoltar-se contra a tranquilidade e estabilidade”, disse o político a um dos condutores, antes de rasgar, com raiva, um cartaz escrito “povo no poder” e contendo fotografia do candidato presidencial Venâncio Mondlane, o responsável pela convocação das manifestações populares, em protesto contra os resultados eleitorais de 09 de Outubro. Pior, os pedaços dos cartazes rasgados eram jogados no chão.
Acto idêntico teve lugar na cidade de Xai-Xai, capital da província de Gaza, onde grupos de jovens, munidos de paus, garrafas e pedras, ordenavam a paragem obrigatória de viaturas com objectivo único de remover e rasgar os cartazes. Aliás, a remoção dos cartazes era a única condição para que os condutores seguissem viagem. “Carta” tentou, sem sucesso, ouvir Manuel Formiga.
Refira-se que, para além de ordenar a remoção de cartazes de protesto contra a fraude eleitoral e a miséria da vida, em Moçambique, indivíduos, não identificados, têm divulgado vídeos a aliciar condutores a colar cartazes nas suas viaturas de apoio à Frelimo e ao seu candidato presidencial, em troca de dinheiro. A proposta ainda não teve adesão massiva. (Carta)