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10 de December, 2024

Dívidas Ocultas: Sucatas da EMATUM ainda sem compradores

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Não foi desta que o Governo moçambicano conseguiu se livrar dos 24 barcos enferrujados da EMATUM (Empresa Moçambicana de Atum), comprados no ano de 2013, no âmbito da contratação das “dívidas ocultas”, que empurraram o país à sarjeta.

 

De acordo com o Financial Times, as manifestações populares, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, em protesto contra os resultados eleitorais de 09 de Outubro, afundaram as tentativas de leiloar os atuneiros (21) e os arrastões (três) enferrujados, com o cancelamento, semana finda, das inspecções por parte dos interessados.

A publicação refere que as sucatas não conseguiram atrair um único lance para os 24 navios, atracados no porto de pesca de Maputo, com ferrugem rastejando pelos cascos. Possíveis compradores, oriundos da África do Sul e da Namíbia, cancelaram inspecções de barcos.

 

Segundo o Gerente do Leilão, David Leal, citado pelo Financial Times, há também pessoas e/ou empresas moçambicanas interessadas no negócio. “Embora haja ferrugem nos barcos, os motores ainda estão bons. Este é um óptimo negócio para qualquer um que tenha uma empresa de pesca ou queira começar uma”, defende Leal, citado pela publicação.

 

Os barcos da EMATUM, que custaram 850 milhões de Dólares (mas o custo real foi de 580 milhões de Dólares), num empréstimo ilegal apadrinhado pelo último Governo de Armando Guebuza, na pessoa do então Ministro das Finanças, Manuel Chang, estão no mercado com um lance inicial que varia entre 270 mil Dólares e 1,4 milhão de Dólares.

 

O Governo espera recuperar pelo menos 11 milhões de Dólares (menos 839 milhões de Dólares, emprestados pelo antigo Credit Suisse). No entanto, o Financial Times entende que o mínimo a recuperar, em caso de venda dos barcos, são apenas 10,6 milhões de Dólares, menos de 1% do dinheiro contraído a título de empréstimo pela extinta empresa caloteira.

 

Lembre-se que, nos contratos de fornecimento assinados entre a EMATUM e a Privinvest, cada barco custa 22,3 milhões de Dólares, porém, o Relatório de auditória da Kroll indica que, na verdade, cada barco custa dois milhões de dólares, sendo que o empolamento dos valores visava apenas o pagamento de subornos.

 

Parte dos barcos em leilão, refira-se, nunca foram ao mar desde que chegaram ao país, devido a alguns erros técnicos de fabrico, “cometidos” pela construtora naval Privinvest. Aliás, em 2016, o Governo anunciou que metade das embarcações haviam sido submetidas ao trabalho de readaptação para que se adequassem às exigências do mercado europeu.

 

Em declarações no julgamento das “dívidas ocultas”, em Novembro de 2021, Cristina Matevele, antiga Directora-Geral da EMATUM, explicou: “se as embarcações eram para trazer a isca, deviam ter chegado primeiro antes das outras, para depois usar-se a isca para pesca”, para além de que “não houve um trabalho prévio para ver onde a isca se localiza, aqui no nosso oceano, para utilização daquelas embarcações”. (Carta)

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