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5 de June, 2025

Ruanda sofre quatro baixas durante uma emboscada em Cabo Delgado

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A Força de Defesa do Ruanda que combate os terroristas em Cabo Delgado perdeu quatro soldados ao cair numa emboscada, no passado mês de Maio, numa floresta em Mocímboa da Praia, confirmou o porta-voz militar, o Brigadeiro-General Ronald Rwivanga. Esta é a primeira vez que Ruanda reporta quatro baixas no Teatro Operacional Norte (TON), depois de inicialmente ter confirmado a morte de três militares, para além de seis feridos.

Rwivanga, citado pelo portal de notícias DefenceWeb, disse que a insurgência persiste no norte de Moçambique.

Apesar de ataques esporádicos de insurgentes ligados ao Estado Islâmico, conhecido como Estado Islâmico de Moçambique (ISM), na província de Cabo Delgado, rica em petróleo e gás, a Força de Defesa Ruandesa (RDF na sigla em inglês) afirma ter a situação sob controlo.

De acordo com o porta-voz militar do Ruanda, uma das conquistas da RDF foi forçar os insurgentes a recuarem para florestas densas. De lá, eles “agora procuram alvos fáceis, indo às aldeias para roubar comida”, disse.

Até agora, o ataque mais proeminente dos insurgentes neste ano ocorreu no fim de Abril, na Reserva do Niassa, deixando 10 pessoas mortas, incluindo dois guardas florestais.

A RDF, que opera em Cabo Delgado desde Julho de 2021, também teve baixas em Maio enquanto perseguia insurgentes em áreas florestais.

“Conseguimos contê-los, mas perdemos quatro soldados há algumas semanas. Caímos numa emboscada na floresta”, acrescentou Rwivanga.

A guerra na selva é desafiadora, então às vezes os ruandeses usam drones para rastrear insurgentes, mas ainda assim, devido ao terreno espesso, a visibilidade é um desafio.

A mudança para as florestas em busca de segurança prejudicou os insurgentes porque a RDF alega ter cortado o seu acesso ao Oceano Índico, uma rota essencial para a conexão com as grandes redes do ISIS que operam em África.

“Todas as áreas costeiras foram limpas. Bloqueamos o acesso a alimentos e comunicação”, disse Rwivanga.

A Força de Defesa do Ruanda foi inicialmente destacada na parte norte de Cabo Delgado em Julho de 2021, enquanto a Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) em Moçambique (SAMIM) estava no sul.

Inicialmente, a RDF cobria os distritos de Palma e Mocímboa da Praia, onde estão localizados os projectos de gás liquefeito (GNL).

Desde a saída da SAMIM, a RDF foi deslocada para áreas ao sul da província. Rwivanga afirmou que agora o seu país conta com 5.000 militares ruandeses no terreno.

Mas Ruanda não pretende ficar para sempre. No passado dia 24 de Maio, 525 soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) concluíram um curso avançado de infantaria com duração de seis meses, ministrado por instrutores das FDR.

Durante a cerimónia de formatura, o Presidente Daniel Chapo revelou que o último exercício desse tipo para as FADM foi realizado em 2011 pelo Exército dos Estados Unidos da América.

Uma das razões pelas quais as FADM não conseguiram conter o ISIS sozinhas foi a falta de habilidade e disciplina, e a RDF afirma possuir o conhecimento necessário para lidar com insurgentes.

Entre 1996 e 1998, remanescentes de extremistas hutus do genocídio de 1994, operando na República Democrática do Congo (RDC) como Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), tentaram desestabilizar o governo ruandês.

“Durante dois anos, a partir de 1996, houve uma insurgência no Ruanda. Então, sabemos como travar esse tipo de batalha. Não pretendemos ficar em Moçambique para sempre; é por isso que os treinamos”, disse Rwivanga.

A insurgência está longe de terminar em Cabo Delgado. Segundo a Agência das Nações Unidas para Refugiados, há 25 mil novos deslocados com necessidade urgente de comida, abrigo, assistência médica e protecção. A agência disse que apenas 32% de suas necessidades são financiadas e mais vidas estão em risco.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos na província, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa dos Estados Unidos que analisa conflitos em África.

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