A directora-executiva do Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil (CESC), Paula Monjane, considera que Moçambique se encontra num “precipício” e precisa de um diálogo político sincero, para o desanuviamento da crise espoletada pela contestação aos resultados das eleições gerais de 09 de Outubro, elogiando a aproximação entre Daniel Chapo e Venâncio Mondlane.
“Para mim, foi bom ouvir que, finalmente, Daniel Chapo e Venâncio Mondlane se sentaram, sempre defendi isso e continuo a defender. A expectativa é que seja um diálogo construtivo e não seja um processo para dar a impressão de que há interesse e na prática não acontecer nada”, afirmou Monjane, em declarações à “Carta”.
O primeiro passo, prosseguiu, é parar com as matanças que têm acompanhado a actual crise política e essa responsabilidade está, fundamentalmente, do lado do Governo, que controla as autoridades policiais.
“Foi tarde, mas antes tarde do que nunca, porque já jorrou muito sangue.
A minha expectativa é que de todos, mas, principalmente, os que têm armas, dos que matam de forma violenta, que cessem, para que se sinta mudança”, afirmou.
A directora do CESC insistiu que Moçambique se encontra num precipício e precisa de um diálogo honesto.
“Temos um partido que está a governar há 50 anos e a todo o custo não quer sair do poder, está preparado para o que quer que fosse”, declarou Paula Monjane.
Nesse sentido, a Frelimo deve estar aberta e preparada para a despartidarização do Estado, porque o partido no poder concentra todas as esferas da vida dos moçambicanos, continuou Monjane.
“A chave continua num partido com poder militar, que controla as instituições do Estado”, enfatizou. Alertou para a resistência de interesses poderosos a um diálogo que imponha a redistribuição de riqueza e de oportunidades.