Contrariamente ao discurso inaugural em que defendeu que a harmonia social “não pode esperar” e muito menos “a construção de consensos sobre os aspectos que preocupam o povo moçambicano”, o facto é que o Presidente da República ainda não contactou Venâncio Mondlane, o segundo candidato mais votado e rosto político das manifestações populares que se verificam no país desde Outubro do ano passado.
Em entrevista concedida à televisão portuguesa CNN Portugal, Daniel Francisco Chapo disse que ainda não foi contactado pelo “amigo comum” citado por Venâncio Mondlane em uma entrevista ao jornal norte-americano New York Times. A afirmação deixou claro que Chapo ainda não encetou diligências para falar com Venâncio Mondlane.
Refira-se que Mondlane disse ao New York Times, citada pela Voz da América, que estava em contacto com o Chefe de Estado, “através de um amigo mútuo”, tendo manifestado a esperança de que o novo Chefe de Estado “negoceie uma resolução para se pôr termo à crise política”.
“Eu também ouvi dizer destes contactos, mas este amigo comum ainda não me contactou. Mas, eu tenho certeza absoluta que este amigo comum vai contactar-me e a partir daí vamos saber qual é a mensagem e, em função dessa mensagem, vamos trabalhar para pacificar o país”, afirmou o estadista, na entrevista concedida à CNN Portugal, sem clarificar o que fará caso o “amigo comum” não lhe contacte.
Lembre-se que no seu discurso inaugural, o Presidente da República disse que a harmonia social “não pode esperar” e muito menos “a construção de consensos sobre os aspectos que preocupam o povo moçambicano”, pelo que “o diálogo já começou” e não descansará enquanto “não tivermos um país unido e coeso”. Aliás, vincou que “a estabilidade social e política é a nossa prioridade das prioridades”.
Refira-se que o país está mergulhado em uma crise política desde a realização das eleições gerais e provinciais de 09 de Outubro, caraterizada por onda de manifestações populares que já causaram a morte de mais de 300 pessoas (na sua maioria assassinadas pela Polícia) e a destruição de centenas de infra-estruturas públicas e privadas. (Carta)