Em uma entrevista surpreendente à televisão portuguesa CNN Portugal, Daniel Chapo abordou, pela primeira vez, as polémicas eleições gerais de 2024, que o conduziram ao cargo de Presidente da República, do qual tomou posse no passado dia 15 de Janeiro.
Segundo o candidato presidencial da Frelimo, proclamado vencedor das eleições presidenciais com 65,17%, as irregularidades e a falta de transparência no processo não afectaram o resultado final, que ditou a manutenção da Frelimo como a maior força política do país, elegendo não só o Chefe de Estado, mas também 171 deputados (dos 250 que compõem o Parlamento) e os 10 governadores provinciais.
“Não queremos dizer que foram 100% transparentes. Houve irregularidades, mas os órgãos eleitorais deixaram muito claro que tanto as irregularidades como a falta de transparência não afectam o resultado. Por isso vamos fazer o debate sobre a lei eleitoral porque no futuro queremos que haja mais transparência e menos irregularidades”, defendeu.
A convicção de Chapo surge pelo facto de a maioria da população viver nas zonas rurais, onde, segundo o novo Chefe de Estado, só se conhece a Frelimo e mais ninguém. “70% da população moçambicana está na zona rural e é lá na zona rural onde o povo ama a Frelimo e não conhece mais ninguém a não ser a Frelimo. Então, a Frelimo é um partido estruturado e é o único que está representado em todo território nacional”, defendeu o novo mais alto magistrado da nação.
Lembre-se que as eleições gerais de 09 de Outubro foram as mais contestadas da história da democracia multipartidária, com os partidos da oposição a denunciarem um esquema de fraude, desde a inscrição ilegal de eleitores até à falsificação de actas e editais. Aliás, uma das nódoas do processo foi a existência de um número diferente de votantes entre as eleições presidencial, legislativa e provincial, cuja Comissão Nacional de Eleições não conseguiu explicar.
Esta foi a primeira vez em que Daniel Chapo apareceu publicamente para abordar o processo eleitoral, depois de quase três meses de silêncio. Mais de 300 pessoas morreram durante as manifestações populares, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane em contestação aos resultados oficiais. Mondlane garante ter ganho a eleição presidencial com mais de 53% dos votos. (Carta)