O Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, continua a não citar o nome do segundo candidato presidencial mais votado Venâncio Mondlane como parte da solução da tensão pós-eleitoral instalada em Moçambique desde a realização das eleições gerais e provinciais, caracterizada por manifestações, destruição, pilhagem e violência policial.
Ontem, em seu discurso por ocasião da passagem do Dia dos Heróis Moçambicanos, Daniel Chapo voltou a assegurar o seu comprometimento em encontrar soluções para a crise que se vive no país, porém, sem incluir o nome de Venâncio Mondlane, autoproclamado Chefe de Estado e principal rosto político das manifestações populares.
Segundo o Chefe de Estado, o diálogo político em curso na Presidência da República entre ele e os Presidentes do PODEMOS, Renamo, MDM e Nova Democracia será alargado ao sector privado, sociedade civil, religiosos, entre outros actores da sociedade.
“Lideramos o diálogo político interpartidário que está em curso no nosso país, nesta primeira fase envolvendo os partidos políticos com assento parlamentar e, posteriormente, irá integrar ao diálogo, membros da sociedade civil, de associações cívicas, de associações profissionais, do sector privado, da academia, das confissões religiosas, entre outras”, disse o Presidente da República.
Desde a sua tomada de posse, a 15 de Janeiro último, Daniel Chapo tem insistido no modelo interpartidário para solução da crise. Até ao momento, ainda não se conhece alguma acção pública para o encontro com Venâncio Mondlane, mas defende estar aberto para o diálogo.
O ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que reclama vitória nas eleições gerais de 2024, tem sido o rosto político das manifestações populares, que culminaram com a morte de mais de 300 pessoas. Nas suas actividades políticas, desde o seu regresso ao país, tem ordenado um conjunto de medidas que têm originado “tumultos”, como é o caso da revisão em baixa do preço do cimento (para 300 Meticais), o não pagamento das matrículas e das portagens.
Na semana finda, grupo de manifestantes incendiou a portagem de Mudissa, no distrito de Matutuine, província de Maputo, em protesto à retoma da cobrança das taxas de portagem pela REVIMO. Cenário idêntico verificou-se na autarquia da Matola, também na província de Maputo, onde populares incendiaram o Centro de Manutenções da TRAC em protesto às cobranças na Portagem de Maputo.
Na mesma semana, populares, no distrito de Boane, também em Maputo, incendiaram duas viaturas pesadas em protesto à cobrança de taxas de matrícula, enquanto em Bobole, distrito de Marracuene, saquearam um camião carregado de cimento de construção.
Já no último domingo, um antigo combatente foi decapitado, no distrito de Morrumbala, na Zambézia, por um grupo de pessoas ainda não identificadas, mas que se acredita serem os famosos “naparamas”. (Carta)