O Ministro da Defesa, Cristóvão Chume, esclareceu ontem que o novo contingente ruandês destacado para Cabo Delgado vai substituir os efetivos que já estão no terreno, afastando a possibilidade de Kigali mandar mais militares.
“Não confirmo a vinda de mais efetivos das Forças de Segurança do Ruanda, confirmo, sim, que os efetivos que estiveram cá no início da missão do Ruanda em Moçambique sempre tiveram momento de troca”, disse Cristóvão Chume, em declarações à comunicação social, à margem da tomada de posse de João Carlos Pires para novo diretor do Centro de Análise Estratégica da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CAE/CPLP), em Maputo.
As Forças de Segurança do Ruanda (RSF, na sigla em inglês) vão enviar um novo contingente para apoiar o combate aos grupos terroristas em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, de acordo com uma informação do Ministério da Defesa do Ruanda, divulgada no passado dia 31 de janeiro.
O major-general Wilson Gumisiriza, comandante da Divisão de Infantaria Mecanizada das Forças de Defesa do Ruanda (RDF), despediu-se em 30 de janeiro do contingente das RSF “antes do seu envio para a província de Cabo Delgado”, anunciou o ministério na sexta-feira.
“Esses momentos ocorrem de tempos em tempos e, para quem está menos avisado em relação a como uma organização militar se estrutura e funciona, pode pensar que é o envio de mais efetivos para o nosso país”, explicou o ministro da Defesa moçambicano, acrescentando tratar-se de um “momento de refrescamento”.
Uma força de mais de dois mil militares do Ruanda combate desde 2021 os grupos terroristas que operam na província de Cabo Delgado, protegendo nomeadamente a aérea em que a francesa TotalEnergies tem um empreendimento para explorar gás natural, após acordo entre os dois governos.
Esta força começou a ser reforçada em abril de 2024, na sequência da saída progressiva da missão militar dos países da África Austral. O Conselho da União Europeia (UE) aprovou, em novembro, um apoio adicional de 20 milhões de euros para as forças do Ruanda no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, considerando que este destacamento “tem sido fundamental”.
A medida, um “complemento” à assistência existente ao abrigo do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz, visa “continuar a apoiar o destacamento da Força de Defesa do Ruanda na província moçambicana de Cabo Delgado”, indicou na altura um comunicado da estrutura que junta os Estados-membros da UE.
O Conselho referiu que este apoio permitiria a aquisição de equipamento pessoal e cobriria os custos relacionados com o transporte aéreo estratégico necessário para apoiar o destacamento ruandês em Cabo Delgado.
Este destacamento teve início em julho de 2021, a pedido das autoridades moçambicanas, para apoiar a luta contra o terrorismo em Cabo Delgado e, de acordo com o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, “tem sido fundamental para fazer progressos”.
A verba adicional complementa a medida de assistência paralela, no valor de 89 milhões de euros, às Forças Armadas moçambicanas anteriormente formadas pela Missão de Formação da UE Moçambique.
O Mecanismo Europeu de Apoio à Paz foi criado em março de 2021 para financiar ações externas da UE com implicações militares ou de defesa, visando prevenir conflitos, preservar a paz e reforçar a segurança e a estabilidade internacionais.
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico. (Lusa)