Ricardo Velloso, chefe de uma equipa do FMI que visitou Moçambique durante uma semana no início deste mês, disse em entrevista coletiva em Maputo, nesta quarta-feira: “Estamos dispostos a trabalhar com Moçambique o mais rápido e conveniente possível. Se o governo estiver interessado em falar sobre um possível programa de apoio financeiro, estamos abertos a esse pedido”.
Enquanto o governo não fizer esse pedido, acrescentou, o FMI continuará apoiando o país da maneira que julgar mais conveniente. O último programa do FMI terminou abruptamente em Abril de 2016, quando se tornou conhecida a verdadeira extensão das “dívidas ocultas” de Moçambique. O governo então admitiu que o anterior executivo, sob a liderança do presidente Armando Guebuza, em 2013 e 2014, garantiu empréstimos de mais de 2 bilhões de USD, os obtidos por três empresas fraudulentas relacionadas à segurança, Ematum, Proindicus e MAM (Mozambique Asset Management), dos bancos Credit Suisse e VTB da Rússia.
Como as três empresas não estavam a produzir nenhuma receita, não havia como pagar os empréstimos e, portanto, o Estado moçambicano tornou-se responsável pelos 2 bilhões de USD. O FMI acusou o governo de ocultar a verdadeira situação da dívida externa do país e suspendeu o seu programa. O grupo de 14 doadores que prestava Apoio Direto ao Orçamento do Estado suspendeu seus desembolsos e até hoje essa forma de ajuda não foi retomada. “Obviamente, no caso de as negociações serem programadas, teremos que levar a questão (da ajuda financeira) ao nosso Conselho de Administração para aprovação”, afirmou Velloso. “Mas a abertura está aí. Se este for o caminho que as autoridades moçambicanas desejam seguir”.
Desde a suspensão do programa em 2016, o FMI fez uma série de recomendações e vem acompanhando a sua implementação com visitas de rotina. Velloso disse que, devido em grande parte aos dois ciclones que atingiram Moçambique em Março e Abril, a taxa de crescimento anual do PIB, no segundo trimestre deste ano, diminuiu para 2,25%. No entanto, a inflação permaneceu baixa e a taxa de câmbio estável. (AIM)