Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

27 de Abril, 2020

Covid-19: FMI empresta dinheiro a Moçambique mas exige publicação de grandes contratos de “procurement”

Escrito por

Dez dias depois de ter concedido 15 milhões de USD ao nosso país para fazer face aos efeitos da Covid-19, resultantes de alívio de dívida num período de seis meses (de Abril a Outubro), o Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a aprovar, na passada sexta-feira, 24 de Abril, mais um crédito de 309 milhões de USD, com uma taxa de juros zero, num período de carência de cinco anos e meio e um vencimento final de 10 anos.

 

Em comunicado de imprensa a que “Carta” teve acesso, a Comissão Executiva do FMI explica que a verba se enquadra no âmbito do fundo de Facilidade Rápida de Crédito (RCF, sigla em Inglês) e visa suprir necessidades urgentes da balança de pagamentos (exportação e, principalmente, importação de bens) e fiscais (falta de receitas) decorrentes da pandemia da Covid-19.

 

Aquela instituição financeira mundial fundamenta, na nota, que o desembolso do valor resultou do facto de se prever que a pandemia terá um impacto significativo na economia moçambicana, o que irá interromper a recuperação nascente, após dois poderosos ciclones tropicais que ocorreram em 2019.

 

Além disso, o FMI nota que a Covid-19 já está a provocar perturbações significativas nos serviços, transportes, agricultura, manufactura e comunicações acopladas a um péssimo ambiente externo, afectando os sectores exportadores como a mineração.

 

Neste contexto, “o apoio financeiro do FMI contribuirá substancialmente para o cumprimento dos aumentos necessários nas despesas de saúde e outras redes de segurança social”, ressalva a nota.

 

O Director-Executivo Adjunto do FMI, Tao Zhang, é citado em comunicado a afirmar que, com a verba, a prioridade imediata das autoridades moçambicanas será limitar o impacto da pandemia e preservar a estabilidade macroeconómica e financeira, bem como aumentar nas despesas em saúde e medidas, para proteger os mais vulneráveis na sociedade e apoio às micro, pequenas e médias empresas.

 

“Dado o limitado espaço fiscal e a elevada dívida pública de Moçambique, o apoio externo adicional, preferencialmente na forma de donativos e empréstimos altamente concessionais, também é necessário urgentemente para atender às elevadas necessidades de financiamento do país e aliviar os encargos financeiros da pandemia”, afirmou, em comunicado, o Director Executivo Adjunto do FMI.

 

Tao Zhang acredita que as autoridades moçambicanas estão comprometidas em evitar a corrupção e o uso indevido do financiamento de emergência, através do fortalecimento da transparência e a prestação de contas. “Neste sentido, eles publicarão os grandes contratos públicos de procurement, conduzirão e publicarão auditorias do uso dos fundos”, conclui. (Carta)

Sir Motors