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28 de Abril, 2020

Covid-19: Comissão Técnico-Científica diz ainda haver desafios no controlo da circulação de pessoas

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A Comissão Técnico-Científica para Prevenção e Resposta da Covid-19, um organismo de consulta criado pelo Chefe de Estado para prestar apoio na definição de medidas que visam a prevenção e combate à pandemia de Covid-19, defende ainda ser “insuficiente” a limitação de circulação de pessoas na via pública, apesar das medidas decretadas pelo Governo, no âmbito do Estado de Emergência em vigor no país, desde o passado dia 1 de Abril.

 

A tese foi legitimada esta segunda-feira pelo Ministro da Saúde, Armindo Tiago, durante a reunião daquele organismo, presidida pelo Chefe de Estado, Filipe Nyusi. Segundo Tiago, “ainda se verifica muito movimento de pessoas nas vias públicas, apesar das medidas decretadas” e, na sua óptica, “o problema pode ser uma deficiente sensibilidade cívica do cidadão” em cumprir rigorosamente as medidas decretadas.

 

Numa intervenção de quase nove minutos, na qual fazia balanço do grau de implementação das medidas administrativas estabelecidas pelo Governo, no âmbito do Estado de Emergência, Tiago afirmou ainda ser necessária uma fiscalização adequada do cumprimento das medidas de quarentena, uma vez que “persiste o incumprimento integral desta medida”.

 

No geral, a Comissão Técnico-Científica para Prevenção e Resposta da Covid-19 faz uma avaliação positiva sobre o grau de implementação das medidas decretadas, embora sublinhe a necessidade de se melhorar o seu cumprimento.

 

Uma das medidas a que o órgão dá nota positiva é a suspensão dos vistos de entrada e cancelamento dos já emitidos, porém, refere ainda persistir algum fluxo de entrada de passageiros, através da companhia aérea Ethiopian Airlines, que ainda não suspendeu os seus voos. Outra medida, cuja implementação é positiva, é a suspensão de aulas, entretanto, “a permanência dos estudantes ao domicílio, que era o objectivo principal, parece não estar a ter efeitos desejados”, disse Tiago.

 

“O grau de cumprimento da proibição de realização eventos é bom, mas persistem desafios no que concerne a cerimónias fúnebres, onde o número de participantes é maior. O grau de implementação das medidas de prevenção nas empresas é bom, mas continuamos a verificar que persiste uma maior carga de trabalho presencial. Há necessidade de se melhorar o uso das máscaras”, afirmou o Ministro da Saúde, que preside a Comissão que integra ainda ex-ministros da Saúde e profissionais de diversas especialidades.

 

“A rotatividade dos trabalhadores é boa, mas não há mecanismo de controlo que nos garante a permanência dos cidadãos nas suas casas e, provavelmente, há uma fraca cultura de teletrabalho por parte das pessoas envolvidas. O processo de monitoria dos preços dos bens essenciais é bom, embora existam alguns eventos esporádicos de especulação de preços”, acrescentou.

 

Na sua locução, Armindo Tiago classificou a requisição de prestação de serviços de saúde similares como suficiente, pois, já foi especificado o número de profissionais de saúde necessários para o processo, assim como já foram solicitadas as instituições públicas e privadas que poderão ser usadas, em caso de as camas reservadas não ser suficientes.

 

Já as medidas de política monetária e fiscal adoptadas estão “entre o bom e o suficiente”, segundo o governante, porque abrangem o sector formal que o sector informal.

 

Refira-se que o país conta, neste momento, com 76 casos positivos de Covid-19, sendo que nove já estão recuperados. Dos infectados, 59% são moçambicanos. Armindo Tiago garantiu, no encontro, que o nosso país continua com a curva baixa, relativamente aos outros países da região. (Carta)

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