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segunda-feira, 18 janeiro 2021 08:06

Eleição do Presidente da CNE: Processo pacífico, mas Renamo disse “não” a Carlos Matsinhe

Tal como “Carta” avançou, desde a primeira hora, Dom Carlos Matsinhe, bispo da Igreja Anglicana, foi, sexta-feira última, confirmado Presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE). No cargo, Dom Carlos Matsinhe substitui Abdul Carimo Sau, que decidiu não se candidatar ao órgão.

 

Carlos Matsinhe foi eleito no decurso da I sessão extraordinária do órgão que tinha na agenda ponto único: a eleição do Presidente da CNE. Para além de Matsinhe, também concorreu à presidência do órgão de gestão dos processos eleitorais, em Moçambique, Apolinário João.

 

Dom Carlos Matsinhe foi sufragado presidente da CNE num processo descrito como “pacífico”. No entanto, Matsinhe não obteve o “sim” da “Renamo”, o maior partido da oposição. Esta formação política defendia a eleição de Apolinário João para o cargo.

 

Fernando Mazanga foi o rosto da oposição à eleição de Dom Carlos Matsinhe ao cargo de Presidente da CNE. Mazanga, que tratou logo de esclarecer que nada tinha contra a pessoa de Dom Carlos Matsinhe, disse que não concordava com o uso abusivo da igreja. Ou seja, uso de figuras com ligação à igreja para o cargo de Presidente da CNE.

 

Para Mazanga, o clérigo é “representante de Deus na terra” e devia abster-se das coisas mundanas, sob pena de ver a sua imagem e credibilidade, completamente, manchadas.

 

“Não tenho nada contra Dom Carlos Matsinhe. Tenho problemas com uso abusivo da igreja. Não se pode usar o clérigo para estes processos. Sendo clérigo, o representante de Deus na terra, devia abster-se de coisas mundanas. Não se pode servir a Deus e ao Diabo em simultâneo”, disse Fernando Mazanga.    

 

Concretamente, dos 17 votos em disputa, Carlos Matsinhe obteve um total de 11 votos. Por sua vez, Apolinário João ficou com os restantes seis votos.    

 

A candidatura de Dom Carlos Matsinhe foi levada à mesa por Paulo Cuinica. Já a de Apolinário João foi proposta por Fernando Mazanga.

 

Dom Carlos Matsinhe chega à CNE via sociedade civil, concretamente suportado pelo Conselho Cristão de Moçambique (CCM). Instantes após ser confirmado presidente, Matsinhe deixou a promessa de trabalhar em colaboração com seus pares para cumprir cabalmente a missão conferida por lei.

 

A eleição de Dom Carlos Matsinhe veio confirmar uma tradição antiga no órgão, segundo a qual a CNE é liderada por personalidades com ligação à igreja. Da presidência da CNE passaram Brazão Mazula (católico); Arão Litsure (evangélico), Jamisse Taimo (metodista) e Abdul Carimo Sau (muçulmano). Entretanto, frisar que a CNE já foi liderada por um cidadão proveniente da Organização Nacional de Professores, em concreto, João Leopoldo da Costa (2008-2013).

 

Antecedeu a sessão extraordinária da CNE, a tomada de posse dos membros, acto dirigido pelo Presidente da República (PR), Filipe Nyusi. Nyusi instou os novos membros da CNE a guiarem-se pela isenção e imparcialidade no exercício das suas funções.

 

Integram a nova CNE, Carlos Matsinhe (Presidente); Alice Banze; Dauto Ibramugy; Paulo Cuinica; Salomão Moiane; Rui Cherene; e Apolinário João – pela sociedade civil. Carlos Cauio; Rodrigues Timba; Abílio da Conceição; Eugénia Fernanda e António Foca – Frelimo. Fernando Mazanga; Maria Anastácia da Costa Xavier; Abílio da Fonseca; e Alberto José – Renamo. Barnabé Nkomo foi escolhido pelo Movimento Democrático de Moçambique.

 

A CNE é constituída por 17 membros, dos quais sete são provenientes da sociedade civil legalmente constituída e 10 dos partidos políticos com assento no parlamento, sendo cinco da Frelimo, quatro da Renamo e um do MDM. (I. Bata)

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