A pressão sobre o endividamento público interno continua a agravar-se, alertou esta quarta-feira (26), o Banco de Moçambique. Após a segunda sessão do Comité de Política Monetária (CPMO), a instituição revelou que a dívida pública interna, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, situa-se em 447,2 mil milhões de Meticais, o que representa um aumento de 31,7 mil milhões em relação a Dezembro de 2024.
Com base nesses dados, o Governo contratou, em média, por mês, 10.5 mil milhões de Meticais de dívida, para custear despesas de funcionamento do Estado devido ao défice na arrecadação de receitas, numa altura em que a economia procura reerguer-se da crise pós-eleitoral.
Após o CPMO, o Banco Central alertou também que nos próximos dois meses o custo de vida poderá agravar-se ainda mais, pois os riscos e incertezas associados às projecções da inflação aumentaram. “Destacam-se como prováveis factores de aumento da inflação, no médio prazo, os impactos do agravamento do risco fiscal, num contexto de crescentes desafios para a mobilização de recursos financeiros para o Orçamento do Estado, e os efeitos dos choques climáticos e da tensão pós-eleitoral sobre os preços de bens e serviços”, lê-se no comunicado da instituição.
Naquela sessão, o CPMO do Banco de Moçambique decidiu reduzir a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, de 12,25% para 11,75%, essencialmente, devido à manutenção das perspectivas da inflação em um dígito, no médio prazo, não obstante o aumento das incertezas quanto aos efeitos do agravamento do risco fiscal. A instituição assegura que continuará com o processo de normalização da taxa MIMO no médio prazo. O ritmo e a magnitude continuarão a depender das perspectivas da inflação, bem como da avaliação dos riscos e incertezas subjacentes às projecções do médio prazo.
Além da taxa MIMO, o Banco de Moçambique afirma que a taxa de juro de referência para o crédito, Prime Rate, continua a reduzir, em linha com as decisões de política monetária. O mesmo comportamento observa-se nas taxas de juro que os bancos praticam com os seus clientes. Por seu turno, o crédito à economia aumentou 5,7% de Janeiro de 2024 a Janeiro de 2025.
No que toca à actividade económica, para o médio prazo, excluindo o gás natural liquefeito (GNL), o Banco de Moçambique perspectiva um crescimento económico moderado. Lembra que, no quarto trimestre de 2024, estima-se que, excluindo o GNL, o Produto Interno Bruto (PIB) tenha contraído 3,1%, após ter crescido 2,8% no trimestre anterior. Quando incluído o GNL, o PIB contraiu 4,9%, após crescer 3,7% no trimestre anterior.
No médio prazo, o Banco Central antevê que a actividade económica, excluindo a produção do GNL, recupere gradualmente, não obstante as incertezas quanto aos impactos dos choques climáticos na produção agrícola e nas infra-estruturas diversas e dos efeitos da tensão pós-eleitoral sobre os sectores de actividade. (Carta)