«O meu pai não é só Poeta» assim respondeu o escritor Mia Couto numa grande entrevista de uma estação televisiva quando foi inquirido sobre Fernando Leite Couto, seu pai, de Armando Jorge e de Fernando Amado. A fortuna destas palavras reside na força que as projecta sobre o tempo, abrindo possibilidades interpretativas várias para quem tem o interesse de conhecer a obra de Fernando Leite Couto. E neste caso acontece com os quatro artistas, debruçando-se sobre o poema RUMOR DE ÁGUA, onde cada um a seu jeito foi compondo sobre a superfície da tela as imagens fulgurantes deste poema que celebra um afecto vibrante, contaminado por um lirismo ternurento. António Silimo, Celma Costa, Celso Yok Chan, Samuel Djive convocaram para as suas pinceladas imagens adornadas pelo talento de cada um, testemunhando que o Patrono desta casa não é só Poeta, para além de jornalista, editor, tradutor, mas também um pintor e sobretudo um agitador de ideias, condecorando-o com a medalha da cumplicidade. Palavra-a-palavra, verso-a-verso, os artistas conferiram-lhe a «dimensão e sentidos humanos que dão t(s)eus olhos, corpo e voz», num monumento a quatro mãos. Ao percorrermos a exposição é interessante fazer o exercício, a fruição interpretativa das obras criadas sobre o RUMOR DE ÁGUA. E, com a nossa leitura conferirmos o diálogo permanente das artes e as letras sobre este legado do poeta Fernando Leite Couto.
(16 de Abril, às 18Hrs na Fundação Fernando Leite Couto)