Do cardápio de um recente final de semana maputense a escolha recaiu para um espectáculo tropical de “remember the time”. Um momento que também serve para rever muita malta dos “times”, que sem a energia de outrora, ainda estala a mesma genica no passo da passada.
Da malta dos “times” foi nostálgico rever um mais velho que era o rei das discotecas. O cota que sempre levava ao colo a melhor das mais belas e cobiçadas garotas do pedaço. Sem uma nesga de dúvida, uma mítica e noctívaga figura urbana que a memória não dispensa a sua presença.
O mais velho já era o mais velho nos anos 80/90. Vi-o entrar, eternamente solitário, e comentei que na hora da saída será acompanhado pela mais bela e desejada da noite. “Não falha!”. Sentenciei e apostei.
O dom da conquista do mais velho foi sempre um grande mistério e até então por desvendar. Num texto passado (O cota é lixado) debrucei sobre as maravilhas deste exemplar nacional da Síndrome de Sedutor Irreparável (SDI), vulgo Don Juan. Duas décadas depois, e diante do mais velho, estaria eu perante a possibilidade de desvendar o grande mistério? Ia pensando enquanto capturava todos os movimentos do mais velho.
Da vez ao palco do músico de cartaz da noite, o meu cartaz já era o mais velho. Assim o custo da entrada baixava para metade. E pela metade (do tempo em palco) ia a figura de cartaz quando – ao som, voz e ritmo de uma das suas mais famosas músicas – ocorreu o êxtase total da noite.
Distante, no pico do êxtase e entre as linhas de zebra de penumbra e luz, vi que se fez um círculo no meio da pista de dança. No centro, o mais velho estava embalando, na genica dos seus passos, a mais bela flor da noite. A vontade de um conclusivo “Eu não te disse!” não me faltou, mas guardei-a para o final.
“O mais velho é mau!”. Pensei alto e conclui que o que presenciara no bar, um pouco antes do êxtase total era de facto o tal mistério que ficou por ser desvendado desde os idos e badalados anos 80 e 90. Já conto.
A noite ainda prometia, e por segundos, no bar, cruzei-me com o mais velho no momento em que ele fazia questão de pagar a bebida que a mais bela flor da noite solicitara ao barman. Da carteira, o mais velho tirou, de um denso maço, uma nota da “Terra do Tio Sam” que depositou-a, de mansinho, na mão dela (era suposto que entregasse ao barman). Enquanto deixava a nota, o mais velho, feito um galã da sétima arte, e com o olhar fitado nela, dizia: “Há mais de onde essa saiu!”.
No instante do momento da “transferência”, o meu estupefacto e silencioso grito de Arquimedes: “Eureka! Eureka! Eureka!”. Finalmente, e décadas depois, o misterioso segredo do mais velho, o cota Don Juan, fora desvendado. E tal como o novo Papa, Leão XIV, o misterioso segredo é norte-americano: Benjamin Franklin!
O norte-americano Benjamin Franklin, e em jeito de uma nota de fecho, foi um dos “pais fundadores” dos Estados Unidos da América e a sua imagem é a da poderosa e sedutora nota-mor americana, quiçá mundial: a nota de US$ 100 (cem dólares americanos). Saravá, Benjamim Franklin!
PS: das entrelinhas do misterioso segredo do mais velho, o Cota Don Juan, anote a dica: Benjamin Franklin é uma companhia imprescindível para toda a vida. Depois não diga que “Eu não te disse!”.