Estou sentado na esplanada do Bistro-Pescador, nome dado ao restaurante escondido no sossego de um dos cantos da baía da Inhambane. Tenho vindo para aqui, sempre que possível, poucas vezes, não propriamente para beber alguma coisa ou comer, mas para contemplar a ponte que deste lugar se torna peculiar. Não que a infrasestrutura tenha atributos […]
Na verdade este lugar entristeceu-se. Feneceu. Perdeu todas as molécolas da cumplicidade que se foi enraizando na amizade desinteressada da juventude. E de nós, os sexagenários, já no fim da caminhada, levados para ali pelo contágio da alegria. Sando Lodge era o cântaro em si. Um pote puro. Uma espécie de palco onde todos cantavam […]
Desculpa, senhor Presidente, mas foi você mesmo que acendeu o rastilho desta dinamite estúpida. Lembra-se? Esqueceu? Agora como é que vem, em pleno Estádio Nacional de Rufaro, perante os holofotes do mundo, pronunciar aquelas palavras sem sentido? Opacas. Você tomou uma atitude retrógrada, senhor Presidente! Você me fez lembrar Tchaka Zulu, que por tudo e […]
Aqui a Estrada Nacional Número Um (EN1), bifurca. Estende um ramal que nos leva ao sossego inultrapassável da cidade de Inhambane. Continuando, porém, na sua longitude, a escoar o caudaloso e ininterrupto tráfego comadado pelos camiões de grande tonelagem, que vão, aos poucos e poucos, danificando a base que suporta o asfalto. Estou sentado […]
No dia em que tudo isto aconteceu voltávamos de Tete, eu e o meu pai, depois de umas férias agradáveis passadas em Tsangano, alí no limite com o Malawi. A princípio a ideia era esventrarmos a terra de Khamuzu Banda, para depois reentrarmos em Moçambique por via da província da Zambézia, onde nos esperavam arrebantantes […]
A nossa amizade é inabalável. Conquistamos – eu e ele – ao longo do percurso de mais de meio século que dura a nossa relação, a liberdade de nos dirigirmos um ao outro sem reservas, com honestidade. Foi nessa condição que, cansado de ver o meu amigo caminhando impotente para o pricipício, já no fim […]
Agora percebo que toda esta imaginação que hoje vivo é uma realidade. Uma tormentosa realidade. Diferentemente do tempo em que eu era a rainha desta terra, vivendo por cima de todo o chão. Desprezando as minhocas, pisando-as sem misericórdia, dizendo sem reservas que nada de mal me aconteceria. Mas no fundo eu era a […]
Queria escrever-te uma carta de amor, daqui onde me encontro contemplando o mar da minha imaginação, mas estou vazio por dentro, encharcado pela demora do teu beijo. Estou por de cima da calçada. Desesperado. Ardem-me por dentro as palavras sufocadas neste caminho que já não sei para onde vai. Quero gritar e sinto medo do […]
Estou no acto do lançamento do meu primeiro livro, em 2001, na cidade de Inhambane. O título é esse mesmo: Inhambane Sem o Badalo, uma homenagem à figuras que estarão por todo o sempre ligadas aos cheiros desta cidade elevada – pela minha imaginação nas paródias – ao lugar mais sossegado do Mundo. É uma […]
Epá, como sabes, eu não uso esses dispositivos do tipo whatsap, facebook, e outros facultativos disponíveis no nosso tempo. Não tenho estrutura para isso, para além de que a minha impressão, é de que tudo isso está a levar-nos à loucura. Toda a gente anda com os celulares na mão, entre eles aqueles que ostentam […]