Pelo menos três mortes estão confirmadas pelas autoridades após a passagem do ciclone Gombe pelo norte de Moçambique, mas o número deverá aumentar à medida que chegar informação dos distritos que ficaram sem energia e comunicações, segundo fonte próxima das operações de socorro.
Segundo informações preliminares dadas à Lusa, os três mortos foram registados na zona costeira, um dos quais na Ilha de Moçambique, onde a madrugada foi de risco.
José Luís Pereira, um dos residentes na ilha, gestor de projeto da organização não-governamental (ONG) portuguesa Helpo, referiu que o pico da tempestade aconteceu pelas 03:00 (01:00 em Lisboa), “com o vento a uivar e chapas a saírem” dos edifícios e habitações, soltas pelo ar.
A tempestade amainou a partir das 06:00 para dar lugar a uma “situação calma” em que agora se avaliam os estragos, com a energia ainda inconstante, assim como o sinal das redes móveis de telecomunicações.
A ponte de 3,5 quilómetros que liga a primeira capital moçambicana – conhecida pelo seu património cultural – ao continente está transitável, apesar da queda de postes e danos numa cancela.
Mas em redor há um cenário de destruição com “árvores caídas” pelas ruas, casas que desabaram e outras sem cobertura – sendo que em parte da ilha predominam habitações de materiais tradicionais.
“Os ilhéus vão precisar de grande ajuda: há casas sem teto e preocupa-me a escola primária”, sublinhou, considerando que ainda é cedo para fazer um balanço dos danos humanos, dado que decorrem trabalhos para remoção de escombros e outros materiais arrastados pela tempestade.
Uma outra residente na ilha referiu haver indicação de um elevado grau de destruição do outro lado da ponte – no continente -, mas sem dados precisos sobre outros distritos, devido à falta de comunicações.
O jornal local Ikweli, da cidade de Nampula, refere que seis pessoas da mesma família morreram em Angoche, povoação costeira, a sul da Ilha de Moçambique, quando a casa onde moravam desabou durante a passagem do ciclone.
A mesma publicação indica que uma pessoa morreu na capital provincial quando tentava reparar a cobertura de casa e foi eletrocutada por um cabo danificado pelo ciclone.
Nas redes sociais, na Internet, circulam fotografias de danos materiais provocados em vários pontos da província, sobretudo árvores caídas, habitações e viaturas danificadas.
Contactada pela Lusa, fonte do Centro Nacional Operativo de Emergência (Cenoe) remeteu um balanço para mais tarde, após reestabelecidas as comunicações com os distritos afetados.
A empresa Eletricidade de Moçambique (EDM) já fez saber, em comunicado, que há 20 distritos sem energia, afetando cerca de 300 mil pessoas.
A tempestade Gombe chegou à costa moçambicana pelas 03:00 (01:00 em Lisboa) na categoria de ciclone intenso com chuva torrencial e vento de 165 quilómetros por hora, com rajadas superiores a 200, anunciou o centro meteorológico francês da ilha de Reunião.
A tempestade atingiu Moçambique dois anos depois de os ciclones Idai e Kenneth terem fustigado, respetivamente, as regiões centro e norte do país naquela que foi uma das mais severas épocas chuvosas de que há memória.(Lusa)