O Governo diz estar a estudar a viabilidade de adquirir combustíveis da Rússia, que neste momento está disponível para abastecer o mercado nacional a preços acessíveis e, consequentemente, minimizar o elevado custo de vida. O pronunciamento acontece uma semana depois da abertura da Rússia, em vender aqueles produtos e não só, mas com recurso ao Rublo (a moeda russa).
“Se há essa oferta, naturalmente nós vamos verificar e estudar a viabilidade. Se houver viabilidade, com certeza, serão adquiridos”, afirmou o Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Carlos Zacarias.
As declarações do Governante acontecem à margem do VII Conselho Coordenador do Ministério e uma semana depois de a Rússia, através do seu Embaixador em Moçambique, mostrar disponibilidade de comercializar produtos petrolíferos, cereais, fertilizantes, entre outros com Moçambique, mas mediante pagamento em Rublo.
A efectivar-se, o comércio poderá minorar o actual elevado custo de vida causado principalmente pela subida do preço de combustíveis (que se estende a outros produtos), reflexo da inflação do petróleo a nível internacional devido à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Para que o comércio se efective entre os dois países, será necessário que, do lado de Moçambique, o Banco Central compre Rublo ao Banco Central Russo ou onde exista. Entretanto, na óptica do economista sénior, gestor e académico, João Mosca, o Banco de Moçambique não tem actualmente grandes reservas para materializar o comércio, alegadamente porque o Rublo é uma moeda de menor expressão fora da Rússia e, como tem acontecido noutros países, os bancos centrais constituem reservas em moedas de circulação internacional e/ou de principais parceiros comerciais. No nosso caso, trata-se principalmente do Dólar, Euro e Rand.
Em entrevista à “Carta”, o economista diz que o Banco de Moçambique pode adquirir o Rublo onde exista, mas poderá ser a um preço relativamente elevado por ser uma moeda de menor “expressão” fora Rússia, numa altura em que, por um lado, há maior procura do dinheiro por principais parceiros (após sanções comerciais do Ocidente) e pelo facto de se verificar actualmente maior procura fora da Europa de produtos russos por estarem mais acessíveis. (Evaristo Chilingue)