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5 de Agosto, 2022

Economista diz que Banco Central não tem grandes reservas em Rublo para comércio com Rússia

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O Banco Central não tem reservas consideráveis em Rublo (moeda russa), para adquirir petróleo, trigo, fertilizantes, entre outros produtos russos, a preço acessível e consequentemente atenuar o custo de vida em Moçambique, disse João Mosca, economista, académico e gestor.

 

Mosca prestou estas declarações em entrevista à “Carta”, na sequência da abertura, semana finda, da Rússia (através do seu Embaixador em Moçambique) para vender aqueles produtos mediante utilização da moeda local.

 

“O Banco de Moçambique não tem grandes reservas em Rublo, com que possa adquirir produtos russos. Os bancos centrais do mundo tendem a constituir reservas em moedas de maior circulação. Ora, o Rublo não tem tanta expressão, fora da Rússia”, afirmou Mosca. Desta afirmação depreende-se que, embora a abertura da Rússia seja bem-vinda, a escassez do Rublo no mercado internacional pode ser um grande empecilho para Moçambique adquirir produtos essenciais à economia e baratos daquele país, a curtíssimo prazo.

 

Entretanto, num outro desenvolvimento, o nosso entrevistado disse que o Banco de Moçambique pode adquirir o Rublo onde exista, mas poderá ser a um preço relativamente elevado. Mosca explicou que o encarecimento do Rublo pode dever-se ao facto de a moeda ser de menor circulação, numa altura em que há maior procura pelo dinheiro pelos principais parceiros comerciais da Rússia (da Europa), após este país determinar que transacções no comércio externo sejam também feitas em moeda local, em retaliação às sanções impostas pela União Europeia e pelos Estados Unidos da América.

 

Noutra vertente, o economista disse que o Rublo pode ser caro devido à maior procura por produtos russos por estarem mais acessíveis. Segundo Mosca, para comprar o Rublo, o Banco de Moçambique precisará de recorrer a outras moedas internacionais. “Ainda assim, esse facto não terá impacto negativo nas reservas totais, já que o Banco de Moçambique tem sempre muitas divisas suficientes para cobrir mais de cinco meses de importações de bens essenciais”, observou a fonte.

 

De facto, dados do relatório de Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação, publicado em Julho último, pelo Banco de Moçambique, indicam que o país continua com níveis confortáveis de reservas internacionais líquidas e, até à segunda quinzena de Julho, às mesmas fixavam-se em 3 biliões de USD, o equivalente a cerca de cinco meses de importações de bens e serviços, excluindo as dos grandes projectos. (Evaristo Chilingue)

 

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