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26 de May, 2025

Plano dos 100 dias: achado o endereço do desenvolvimento?

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Em um dos textos anteriores, neste espaço, conclui que o país, infelizmente, não alcançava o almejado desenvolvimento por conta de um simples detalhe: a forma de explicação ou indicação do endereço do desenvolvimento. Acontece que do mesmo jeito que no país não se consegue chegar a algum ponto da cidade com as indicações oficiais da rua e o número da porta do destino, também não se consegue chegar ao desenvolvimento nos termos científicos que é receitado ao país.

Para o azar do país, não se receita o endereço do desenvolvimento usando a forma popular moçambicana para explicar um determinado destino. Do tipo: “Quando chegares na paragem Chapa-amarela desce e pergunta onde é a barraca Tira-roupa. É mesmo ao lado. Portão azul”.

Imagino, e à nossa maneira, que para o país chegar ao desenvolvimento a indicação fosse: “Quando chegares ao México desce na paragem América e pergunta onde é a Casa de Donald Trump. É mesmo ao lado. Portão azul e vermelho com estrelinhas brancas”. Se assim fosse, acredito que Moçambique estaria no grupo do G20.

Há dias, quando do balanço do plano de 100 dias de governação do actual Governo, conclui que o assunto sobre o endereço do desenvolvimento fora ultrapassado. No balanço do plano dos 100 dias feito ficou-se a saber que foram cobertas, em 95%, as acções previstas.

Um dos antigos presidentes, Joaquim Chissano, na sequência do anúncio destes resultados, comentou que o desempenho dos 100 dias corresponde a realizações e resultados de dois anos de governação. Em média, tal proeza significa que em um ano o Plano Quinquenal do Governo pode ser implementado e ainda sobra tempo, fora ainda o tempo dos restantes anos do mandato. Isto é obra.

É destes resultados – de dimensão bianual e em tempo célere – que se infere, a partida, que já se tenha resolvido (ou parece) a dificuldade de o país achar o endereço do desenvolvimento. Resta saber qual dos modelos foi usado. O modelo científico? Ou o modelo popular?

O meu palpite aponta que o Governo recorreu ao modelo popular, tomando em conta que, recentemente, ao dispensar o apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Governo também dispensou o modelo científico das instituições de Bretton-Woods (Banco Mundial e FMI) que estas receitam ao país, desde 1987, para que se alcance o almejado desenvolvimento (que teima em ser encontrado).

Em jeito de bónus de fecho: imagino o grito do Governo no momento da descoberta do caminho do desenvolvimento do país. Tal o grito de Arquimedes (“Eureka! Eureka! Eureka!”), correndo pelado pelas ruas da cidade. E no caso moçambicano, quem anda deambulando aos gritos e pelado pelas ruas da cidade são as finanças públicas. Uma situação que justifica que sobre o sucesso anunciado do plano dos 100 dias haja quem recorra ao adágio popular que diz: “Aqui há gato (escondido com o rabo de fora)!”.

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