A festa ia à meia haste, ou pouco mais, e o “Pendura” (participante não convidado), e já de saída, de repente ouve o som da abertura de mais um barril. Imagina, caro leitor, os sinais de contentamento do “Pendura” que o levaram a adiar a retirada.
Foram mais ou menos os mesmos sinais de contentamento que foram emitidos por dois técnicos de manutenção de frio quando ouviram, nas alturas de um dos “arranha-céus” da cidade, sons longínquos de uma rebarbadeira no momento em que se aperceberam de que a necessitariam por conta de uma situação pontual não prevista.
Em seguida, os dois técnicos desceram o “arranha-céus” e tomaram o trajecto do som da rebarbadeira até que chegaram a um ponto em que já não ouviam. Coincidiu que o Serralheiro havia feito uma pausa. Parados e à conversa do tipo “E agora?”, um guarda nas proximidades, que escutava a conversa, sugeriu que batessem a porta da casa vizinha, pois lá estava quem procuravam.
Feita a conversa inicial, os dois técnicos e o Serralheiro foram ao “arranha-céus” para que o último visse “in loco” o que era para ser feito. Concluído o diagnóstico o Serralheiro marcou o valor de quinhentos meticais. Por sua vez, um dos técnicos ligou para o dono da casa e disse que a intervenção custaria, adicionalmente, mais cinco mil meticais.
Diante do que que ouvia, o Serralheiro emitiu sinais de espanto que foram prontamente serenados depois do telefonema quando o mesmo técnico disse que o pagaria o dobro. Nada mau. Assim pensou o Serralheiro que nem esperava pelos quinhentos, pois o trabalho mal valia a metade do cobrado.
De regresso à casa, onde estava a montar grades, pegou a rebarbadeira e à saída, o guarda, lendo a movimentação logística, interpelou-o com a notificação que não se esquecesse da “Nhonga” (Comissão) dele, pois fora ele quem trouxera o cliente.
Concluído o trabalho, incluindo a montagem das grades, e o ciclo da “Nhonga” nas duas intervenções, cruzei-me com o Serralheiro numa das esquinas, ambos, eu e ele, requisitando serviços de transação eletrónica.
Enquanto esperávamos ser atendidos, o Serralheiro, com ar preocupado, depois de contar as duas situações, diz, no final da conversa, algo perto disto: esse assunto de “Nhonga” afinal é sério!
Lembrei-me deste episódio depois de ouvir do Presidente da República, Daniel Chapo, que a nossa companhia aérea de bandeira era um antro de corruptos, “Nhonguistas” e “Boladores”. Para Chapo, estes, no lugar de apostarem em meios próprios (aviões) querem apenas alugar para ganharem continuamente comissões.
Assim, e para terminar, meu caro leitor registe: cada vez que ouvir o som da decolagem ou aterragem dos aviões (alugados) da nossa companhia de bandeira fique a saber que estará diante de “Sons de uma “Nhonga” bem-sucedida”.